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ADM executa mudança estratégica à espera de acordo com Bunge

Mario Parker

23/01/2018 16h21

(Bloomberg) -- O CEO da Archer-Daniels-Midland, Juan Luciano, executa uma mudança estratégica importante e astuta sem perder de vista a possibilidade de acordo com a rival Bunge.

Em seus três anos no comando da empresa de 116 anos, Luciano vendeu a promessa de expandir o portfólio com um volume maior dos chamados produtos de valor agregado, como temperos e ingredientes. Mas uma fusão com a Bunge, em vez disso, seria uma jogada para expandir o negócio principal da ADM de operação e trading de grãos.

Menos de um ano após a primeira abordagem da Glencore para aquisição da Bunge, a ADM busca negociar um acordo com a Bunge, disse uma pessoa informada sobre o assunto no fim de semana.

"Havia um foco em ingredientes e produtos com valor agregado, mas isso está mais dentro do negócio básico da ADM", disse Ben Kallo, analista da Robert W. Baird & Co., em entrevista por telefone. A ADM "tem a capacidade de mudar totalmente essa estratégia porque faz sentido pela escala", disse.

Wild Flavors

A ADM sinalizou pela primeira vez uma mudança estratégica para os ingredientes e outros produtos de valor agregado em 2014 ao comprar a Wild Flavors por cerca de US$ 3 bilhões, a maior aquisição de sua história. Recentemente, em teleconferência em agosto com analistas e investidores, Luciano ressaltou que a ADM, que tem sede em Chicago, havia "ampliado drasticamente" sua capacidade para esses produtos com a Wild Flavors, juntamente com outros acordos focados em tudo, desde nozes e massas especiais até proteínas vegetais e produtos sem glúten.

A mudança de rumo pode resultar do interesse da Glencore na Bunge, o que aumenta a pressão para que a ADM mantenha sua posição no mundo da operação de grãos. Além disso, o tempo está passando: a gigante de commodities suíça assinou no ano passado um acordo de suspensão que a impede de apresentar outra proposta pela Bunge. Quando o acordo expirar, a Glencore poderá retornar com uma oferta maior.

"Isso representa uma oportunidade de ouro para a ADM ampliar sua divisão de oleaginosas e melhorar sua competitividade a longo prazo", disseram analistas do Credit Suisse em relatório, na segunda-feira.

Porta-vozes da ADM e da Bunge não deram retorno imediato às mensagens em busca de comentários.

O aumento de 4,4 por cento no preço da ação da ADM, na segunda-feira, pareceu indicar que seus investidores aprovaram a perspectiva de acordo com a Bunge. A ADM caía 0,7 por cento nesta terça-feira, para US$ 42,45, às 10h44 em Nova York, enquanto a Bunge recuava 2 por cento, para US$ 80,48.

As traders de grãos enfrentaram vários anos difíceis porque as colheitas abundantes, uma atrás da outra, têm mantido os preços dos grãos em níveis historicamente baixos e ao mesmo tempo limitam a volatilidade do mercado. Em entrevista à Bloomberg, em agosto, Luciano insinuava que poderia se inclinar por uma aquisição maior.