Fronteira irlandesa pode voltar às discussões com Brexit
(Bloomberg) -- Pelas palavras da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, a questão da fronteira irlandesa pode ressurgir antes do que ela imaginava.
Em acordo fechado no mês passado para desbloquear as negociações do divórcio com a União Europeia, May garantiu que não ressurgirá nenhuma fronteira rígida na ilha da Irlanda após o Brexit. Se tudo o mais fracassar, a Irlanda do Norte respeitará as mesmas regras da UE aplicadas ao sul. Mas ela também assegurou que evitará barreiras entre a Irlanda do Norte e o restante do Reino Unido, promessas que parecem mutuamente excludentes.
Embora o acordo tenha sido elaborado para evitar o colapso das negociações, ainda será preciso resolver questões sérias, segundo três pessoas familiarizadas com o lado da UE nas negociações. Diferentes interpretações em torno do significado exato dos compromissos de May começam a se cristalizar, segundo um diplomata europeu, e os pontos de atrito poderão se tornar evidentes quando o texto legal que sustenta o acordo do mês passado for redigido, no início deste ano.
Há pelo menos duas possíveis áreas de divergência, segundo o diplomata, que pediu anonimato porque as negociações estão em andamento.
- Apoiada pela UE, a Irlanda quer a interpretação mais ampla possível da promessa de alinhamento de regras feita por May para cobrir o máximo de setores possível. A suposição é que o Reino Unido quer a interpretação mais estrita possível, limitada a setores como agricultura e energia;
- A UE e a Irlanda querem que o Reino Unido defina como evitará uma fronteira rígida se as negociações a respeito de uma futura relação comercial não englobarem todas as questões -- querem esse detalhe no acordo de saída da UE. Não está claro se o Reino Unido compartilha dessa visão -- May poderia dizer que a medida alternativa só deve ser discutida em profundidade se as futuras negociações sobre o relacionamento não resolverem tudo.
A França, em particular, quer ver as propostas detalhadas do Reino Unido para evitar uma fronteira rígida e proteger o mercado único, segundo o diplomata.
"A Irlanda continua sendo uma fonte de incerteza", disse Michel Barnier, principal negociador da UE no Brexit, em uma comissão parlamentar em Madri na terça-feira. "Até agora, o norte e o sul cooperaram - em um contexto europeu. Precisamos pensar como preservar a integridade do mercado comum sem uma fronteira."
A UE e o Reino Unido trabalham em um acordo que formalizará os termos da saída do Reino Unido do bloco, reforçando legalmente o acordo fronteiriço com a Irlanda. Esse texto acabará se transformando no acordo que deverá ser assinado em outubro.
Como o lado da UE espera o fechamento de um simples acordo básico sobre a futura relação comercial no momento do divórcio, em março de 2019, o futuro acordo comercial não será suficiente para resolver a questão da fronteira. O Reino Unido afirma ainda que espera ter o acordo comercial pronto para assinatura no momento em que deixar o bloco -- e espera um tratado que permita o comércio "sem atritos".
--Com a colaboração de Maria Tadeo
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