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Lucro da sul-coreana Posco indica caminho das siderúrgicas

Heesu Lee

24/01/2018 13h47

(Bloomberg) -- Se o desempenho da sul-coreana Posco servir de guia, as siderúrgicas internacionais tiveram uma nova rodada de lucros estelares no quarto trimestre, e uma nova série de fortes ganhos parece cada vez mais provável para 2018.

Os preços de referência do aço atingiram em dezembro o maior patamar em cinco anos após a redução da capacidade da maior produtora, a China, a diminuição das exportações do país ao menor nível em quatro anos e a aceleração do ritmo de crescimento global. O Goldman Sachs prevê mais ganhos nos preços e manteve as margens das usinas neste ano, apesar do aumento de alguns custos. O grupo de siderúrgicas internacionais da Bloomberg Intelligence já subiu 9 por cento em 2018, depois de ter dobrado nos dois anos anteriores.

A maior fabricante da Coreia do Sul registrou aumento de mais de 60 por cento no lucro anual, que atingiu o maior patamar desde 2011, incluindo um salto de 140 por cento no quarto trimestre. A receita operacional foi de 4,62 trilhões de wons (US$ 4,3 bilhões) em 2017, contra 2,84 trilhões de wons no ano anterior, informou a empresa com sede em Pohang na quarta-feira. Os analistas esperavam lucro de 4,66 trilhões de wons. Siderúrgicas como ArcelorMittal, U.S. Steel e produtoras japonesas divulgarão resultados nos próximos dias.

"As reformas pelo lado da oferta na China, incluindo os limites à produção no inverno, ajudarão a Posco a manter seus lucros, e a demanda melhor que a esperada e a melhora da economia global ampliarão as margens", disse Baek Jaeseung, analista da Samsung Securities em Seul, por telefone. "O aumento previsto dos gastos com infraestrutura na China e nos EUA também estimularão o consumo."

O aumento dos preços do aço poderia se sustentar durante o restante do ano, considerando que novos cortes de capacidade da China limitariam as exportações e que a economia global continua melhorando. Ainda assim, há chances de que os preços sofram alguma pressão a partir de março, quando as siderúrgicas chinesas retomarem a produção após o fim dos limites à poluição no inverno boreal, e os custos mais elevados da matéria-prima poderão reduzir os lucros. Os preços do minério de ferro e do carvão de coque subiram mais de 20 por cento desde o fim de outubro.

"Estimamos que os preços do aço continuarão acima dos níveis normais até o fim da temporada de calefação da China -- prevemos novos aumentos nos preços a curto prazo", disse Dawn Brooks, consultora siderúrgica da CRU International. "No entanto, as margens das siderúrgicas podem não estar tão saudáveis quanto nos últimos meses, porque os aumentos dos custos das matérias-primas se consolidarão."

A Posco pretende fazer com que os produtos siderúrgicos de alta qualidade representem 60 por cento das vendas totais, informou a empresa neste mês. A produtora planeja expandir o investimento em operações de energia e materiais depois de melhorar as finanças em cerca de 7 trilhões de wons desde 2014 por meio da reestruturação de 85 unidades nacionais e estrangeiras. A despesa de capital aumentará 62 por cento neste ano, para 4,2 trilhões de wons.