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Proposta Uber-sindicato é recebida com ceticismo por motoristas

Josh Eidelson

26/01/2018 16h19

(Bloomberg) -- A Uber está se unindo a um sindicato de trabalhadores para promover uma nova e moderna roupagem para a rede de segurança que poderia ajudar os funcionários da chamada economia de bicos, como os motoristas da empresa, a receberem benefícios. Mas alguns membros da mão de obra organizada rejeitam a nova parceria, chamada por eles de cavalo de Troia, e não se mostram convencidos de que o novo CEO da Uber realmente quer o melhor para os trabalhadores.

Em carta aberta, na terça-feira, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, anunciou apoio aos "benefícios transferíveis", que daria aos trabalhadores contratados uma forma de acesso a algumas das vantagens que os funcionários em tempo integral normalmente recebem, mesmo que troquem de trabalho ou atuem apenas em tempo parcial para diversas empresas.

"O sistema de segurança social, que foi projetado para uma economia muito diferente, não acompanhou o ritmo da força de trabalho atual", afirma a carta. "De forma básica, todos devem ter a opção de proteger a si e a seus entes queridos quando se ferem no trabalho, quando ficam doentes ou quando chega a hora de se aposentar."

A carta, divulgada pela Uber, foi assinada também pelo presidente local do Sindicato Internacional dos Empregados de Serviços (SEIU, na sigla em inglês), David Rolf, e pelo capitalista de risco Nick Hanauer, dois dos principais proponentes do conceito de benefícios transferíveis. "Acreditamos firmemente que a renovação do contrato social é urgente e importante", diz a carta.

No geral, o conceito de facilitar a obtenção de benefícios pelo número crescente de pessoas que trabalham em "empregos flexíveis" -- como dirigir para a Uber, alugar quartos no Airbnb ou limpar casas -- tem amplo apoio. Mas os críticos temem que qualquer legislação projetada pelo Uber tornará mais fácil para as empresas evitar tratar os trabalhadores como contratados independentes -- e que os trabalhadores não deveriam ter que abrir mão da chance de conquistar o leque muito mais amplo de proteções que acompanham o status de funcionário.

É por essa razão que a carta recebeu reação imediata à esquerda, inclusive de alguns colegas de Rolf.

"Isso é apenas uma maquiagem da Uber para ficar parecendo que na verdade se importam com as pessoas contratadas para os serviços oferecidos", disse Hector Figueroa, presidente da afiliada de serviços imobiliários na Costa Leste do SEIU, que atua com Rolf no conselho executivo do sindicato internacional. "Simplesmente não consigo entender como hoje um líder trabalhista pode encorajar a propagação do trabalho 'independente'."

A carta não oferece muitos detalhes, mas um porta-voz da empresa disse que a Uber quer reunir outras partes interessadas e formular uma proposta que possa ser apresentada na sessão legislativa do ano que vem. Entre as coisas que o projeto de lei deve fazer, segundo o porta-voz, é deixar claro que trabalhadores como os motoristas da Uber não são funcionários da empresa.

É isso o que alguns líderes sindicais temem. "Este tipo de acordo falso só dá a eles cobertura para a exploração", disse o diretor da Aliança dos Trabalhadores de Táxis de Nova York, Bhairavi Desai. "Vender os trabalhadores aos chefes não é algo inovador -- é tão antigo quanto o capitalismo."