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Fundo exclusivo bilionário é o maior ganhador do rali pós-Lula

Felipe Marques

29/01/2018 11h01

(Bloomberg) -- Um fundo brasileiro que administra recursos exclusivamente para um único cotista foi o maior beneficiário do rali da quarta-feira passada, quando o mercado de ações subiu após decisão judicial que manteve a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção.

O Firenze FIA IE, um fundo de R$ 1,12 bilhão (US$ 355 milhões) administrado por uma unidade do Banco Modal, subiu quase 13 por cento na quarta-feira, segundo dados preliminares compilados pela Bloomberg, depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou por unanimidade a sentença de Lula. Foi o maior avanço entre os fundos brasileiros com mais de R$ 500 milhões em ativos, mostram os dados.

Apesar de Lula ter agradado Wall Street em seus dois mandatos como presidente, de 2003 a 2010, nos últimos anos ele passou a ser visto como uma ameaça às reformas pró-mercado promulgadas pelo Brasil para estimular a economia. Os três juízes votaram pela rejeição do recurso do ex-presidente contra uma condenação criminal por aceitar uma reforma de um apartamento perto da praia e outros benefícios de uma construtora. A decisão dificultará o plano de Lula de concorrer na eleição presidencial de outubro.

O Ibovespa disparou 3,7 por cento, para um patamar recorde, e o real se valorizou 3,1 por cento, tornando-se a moeda de melhor desempenho do mundo naquele dia. Empresas e bancos estatais lideraram os avanços.

Outro grande vencedor foi o Patria Pipe Master FIA, administrado pela Pátria Investimentos, que subiu 7,98 por cento. O FIA Ponta Sul IE, fundo de R$ 2,19 bilhões administrado pela divisão de gestão de fortunas do Banco BTG Pactual, avançou 6,43 por cento.

A assessoria de imprensa do Banco Modal preferiu não comentar. O BTG e a Pátria não responderam a um e-mail com pedidos de comentários.

Indivíduos ricos normalmente usam fundos de investidores individuais, como o Firenze FIA, para gerenciar seu dinheiro, devido principalmente aos benefícios fiscais. Nestes casos, o gestor do fundo pode acabar desempenhando mais um papel consultivo nas decisões de investimento. Os fundos de investidores individuais também podem ser usados por empresas ou até mesmo pelo governo para fins de gerenciamento de investimentos.

Em 30 de setembro, segundo os dados mais recentes disponíveis sobre os ativos do Firenze, a gigantesca petroleira estatal brasileira Petrobras representava cerca de 38 por cento da carteira. A Petrobras avançou 5,74 por cento na quarta-feira. O fundo também detinha ações da siderúrgica Gerdau e títulos soberanos indexados à inflação. Não há mais detalhes disponíveis a respeito da identidade do investidor do fundo.

Entre os maiores perdedores com a decisão estavam dois fundos administrados pela SPX Gestão de Recursos, que recuaram 2,99 por cento e 2,78 por cento, e um fundo gerenciado por uma unidade do Credit Suisse, o Credit Suisse 2689 Khan Portfolio FI Multimercado Crédito Privado, que caiu 2,76 por cento. Todos esses fundos também são de investidores únicos.

A SPX afirmou, em comunicado por e-mail, que os dois fundos "são apenas veículos utilizados exclusivamente pelos fundos multimercados offshore da gestora, para acessar estratégias específicas no Brasil, que são complementares a outras estratégias dos fundos". O Credit Suisse não respondeu a pedidos de comentários.

--Com a colaboração de Vinícius Andrade