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Segmento mais barato é o que mais cresce no mundo da arte?

James Tarmy

29/01/2018 16h33

(Bloomberg) -- Em junho de 2017, a Heritage Auctions decidiu aumentar o número de leilões de impressões e múltiplos, de quatro vezes por ano para uma vez por mês.

A empresa vinha realizando leilões ao vivo e pela internet na categoria (que abrange qualquer obra de arte produzida em edições, e não em uma única unidade) há cerca de um ano e quando "experimentamos realizar um leilão pela internet de obras mais baratas, não podíamos acreditar", disse Leon Benrimon, diretor de arte moderna e contemporânea da Heritage. "Tudo foi vendido."

As vendas foram tão boas, diz ele, que estão planejando começar a realizá-las semanalmente no segundo trimestre. "As pessoas estão empolgadas", disse ele. "Mas ainda estamos capturando apenas um fragmento do mercado."

As impressões existem desde o Renascimento e sempre ocuparam um lugar um pouco incômodo no mercado da arte. Elas são criadas por um artista e quase sempre são assinadas pelo artista, mas são, por definição, reproduções. "Elas eram chamadas de porta de entrada para o mundo das drogas", diz Deborah Ripley, diretora do departamento de impressões e múltiplos da casa de leilões Bonhams. "Era onde os iniciantes no mundo da arte começavam suas coleções e isso os animava porque eles compravam obras mais baratas, mas podiam dizer aos amigos: 'Sim, eu tenho uma obra de Warhol.'"

As impressões podem ser uma porta de entrada para o mercado de arte, dizem os especialistas, mas está cada vez mais claro nos últimos dois anos que, para muitos, a categoria tornou-se um destino em si mesma. "Eu diria que 50 por cento de cada leilão [é composto de] novos ofertantes", diz Benrimon. É muita gente nova de cada vez. "E isso não acontece há um ou dois leilões -- acontece há mais de 15. Nós vemos isso e não conseguimos entender: como é possível?"

Reputação e qualidade

Como em todos os mercados, o mercado de impressões tem níveis. Há impressões muito, muito caras, algumas das quais foram vendidas por mais de US$ 1 milhão; há impressões caras, que são vendidas por somas de seis dígitos; e há o chamado "mercado baixo" de impressões, com preços inferiores a US$ 15.000.

As impressões mais caras são criadas por um artista expressamente como uma impressão: são obras de arte destinadas a serem reproduzidas. Na parte inferior do mercado, em compensação, as impressões são cópias de pinturas.

O valor de uma impressão -- qualquer impressão -- é determinado em grande medida por duas coisas: "A reputação do artista e a qualidade de uma impressão", diz Dick Solomon, presidente da Pace Prints, uma galeria e editora de Nova York que trabalha com o segmento mais alto do mercado. "Em menor grau, o número de impressões da edição também influi." O tamanho da edição, ou seja, o número de reproduções, é decidido de antemão pelo artista e é finito: se for uma edição de 72, você pode ter certeza de que existem apenas 72 unidades. (Isso se vê ligeiramente afetado devido às "provas do artista", que são as impressões iniciais usadas para testar a impressão, que podem ser adicionadas ao número total de obras em uma edição).