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Google investe mais US$ 1,1 bi para competir com Apple

Shelly Banjo e Mark Bergen

30/01/2018 15h50

(Bloomberg) -- O Google fechou oficialmente um acordo de US$ 1,1 bilhão com a HTC, incorporando mais de 2.000 especialistas em smartphones em Taiwan para ajudar a gigante do setor de buscas a competir com a Apple no duro mercado de celulares premium.

O acordo ajudará o Google a criar mais aparelhos de consumo próprios e poderá preparar a companhia para avançar no campo dos chips com propósitos especiais -- como a Apple. O modelo mais recente do Google, Pixel, veio com um novo processador de imagem para melhorar a câmera do dispositivo. Mais destes "chips personalizados" virão no futuro, disse o chefe de hardware da Google, Rick Osterloh, em uma entrevista.

Osterloh convocou os engenheiros e designers da HTC para ajudar o Google a controlar melhor o design e a produção de seus produtos, inclusive para trabalhar mais de perto com os fornecedores. O Google antigamente se dedicava ao software e deixava o hardware a cargo de fabricantes como a Samsung Electronics e a HTC. Mas os telefones modernos oferecem recursos como realidade aumentada e serviços baseados em inteligência artificial, que exigem uma estreita integração entre software e hardware.

"É preciso ter uma integração vertical em alguns casos para impulsionar de verdade os horizontes a favor dos consumidores", disse Osterloh. "Nossa intenção é investir nisso a longo prazo. Vocês verão um aumento constante no nosso investimento."

A HTC informou em um comunicado à parte que pretende prosseguir com seu próximo smartphone principal e que concentrará seus esforços neste segmento. "Hoje é o começo de um capítulo novo e empolgante na HTC porque continuaremos incentivando a inovação no smartphone com a nossa marca e na unidade de realidade virtual VIVE", disse Cher Wang, presidente da HTC, no comunicado.

Para o Google, um passo maior seria criar seu próprio "sistema em um chip" -- os principais processadores dentro dos telefones que a Apple agora insere em seus dispositivos. A Qualcomm fornece a maior parte desses chips para fabricantes de telefones Android e Osterloh disse que o Google continuará trabalhando com essa fornecedora no futuro próximo.

No entanto, ao projetar mais chips por conta própria, o Google poderia reduzir os negócios com outros fornecedores. A Apple lançou seu primeiro sistema em um chip em 2010 e adicionou chips especiais aos dispositivos móveis para armazenar impressões digitais e dados de pagamento, rastrear movimento, processar gráficos e executar algoritmos de IA.

As vendas do Pixel do Google equivalem a uma fração das vendas da Apple, mas o fato de que outra fabricante de telefones passe a criar mais componentes próprios não é um bom sinal para os fornecedores. A Dialog Semiconductor caiu no mês passado depois de anunciar aos investidores que a Apple, sua maior cliente, poderia começar a projetar seus próprios chips de gerenciamento de energia. A Imagination Technologies Group sofreu um destino semelhante no ano passado, depois que a Apple deixou de comprar os chips de gráficos da empresa com sede no Reino Unido e passou a usar criações próprias.