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Roubo recorde aumenta apelo de novas bolsas de criptomoedas

Olga Kharif

30/01/2018 15h25

(Bloomberg) -- Um roubo recorde de mais de US$ 500 milhões de uma bolsa japonesa de moedas criptografadas, o último em uma longa série de ataques hacker notórios, está chamando a atenção para um novo tipo de lugar que dificulta a vida dos aspirantes a ladrão. Contudo, esses lugares não são imunes a ataques.

Normalmente, hackers roubam dinheiro de bolsas de moedas criptografadas acessando a carteira delas, que tem conexão à internet e armazena os fundos dos clientes. Hackers já arrombaram muitas vezes os cofres virtuais onde elas são guardadas e roubaram bilhões de dólares em ativos ao longo dos anos.

As chamadas "bolsas descentralizadas", os novos mercados que estão sendo desenvolvidos ou que já foram implementados por AirSwap, EtherDelta e outros, evitam essa vulnerabilidade porque não utilizam nenhum cofre. Em vez disso, seus clientes conservam uma chave privada, necessária para acessar sua conta, e fazem transações entre eles diretamente ou com muito pouca ajuda.

Na semana passada, meio bilhão de dólares em uma moeda chamada NEM foi roubado da Coincheck, uma das maiores bolsas de criptomoedas do Japão. Este incidente oferece "mais evidências de que a infraestrutura das moedas criptografadas precisa se afastar das bolsas centralizadas, do tipo custódio, e passar para bolsas descentralizadas, onde a função do intermediário deixe de ser necessária", disse David Shin, membro fundador da Bitcoin Association of Hong Kong e presidente da Asia Fintech Society, com sede em Cingapura.

No entanto, a segurança delas não é inviolável.

Em dezembro, um hacker invadiu o site da EtherDelta e substituiu-o por uma versão falsa que lhe permitiu roubar os fundos dos usuários.

Como a bolsa normalmente não verifica a identidade dos usuários, é mais difícil recuperar os fundos roubados: afinal, o blockchain foi pensado como um registro imutável.

"Se uma transação ilegal for realizada em uma bolsa descentralizada, não há forma de revertê-la", disse Matt Suiche, fundador da empresa de segurança Comae Technologies. "É possível rastrear um criminoso até ele pular para outra moeda criptografada, a partir daí, é fácil perder o rastro dele."

Novas bolsas descentralizadas estão aparecendo rapidamente. Sete bolsas com base em uma tecnologia chamada 0x começaram a operar desde o terceiro trimestre do ano passado e pelo menos outras cinco serão lançadas em breve.

A ShapeShift, que chega a processar 35.000 operações descentralizadas por dia, costuma enfatizar o que aconteceu quando ela sofreu um ataque hacker em 2016. Não foram roubados fundos dos usuários.

"Foi um ótimo exemplo para que possamos dizer a nossos clientes: 'Fomos atacados, mas nenhum de vocês foi afetado'", disse uma porta-voz da empresa em uma entrevista por telefone. A ShapeShift se protege do risco geral de ataques proibindo que os funcionários revelem seus sobrenomes.

--Com a colaboração de Andrea Tan