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Tarifa sobre energia solar deve desviar recursos dos EUA

Kateryna Choursina e James M. Gomez

31/01/2018 10h27

(Bloomberg) -- A decisão do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas sobre a importação de painéis solares deve estimular o financiamento de mais projetos em mercados emergentes da Europa e Ásia, segundo um executivo canadense do setor.

Embora o objetivo de Trump na decisão tomada neste mês seja a promoção da indústria doméstica, o efeito colateral indesejado provavelmente será a limitação de recursos para usinas solares nos EUA, direcionando dinheiro para mercados mais lucrativos, na avaliação de Michael Yurkovich, presidente da Refraction Asset Management, dona da empresa de instalação de painéis solares TIU Canada.
"Trump agir com protecionismo e tornando a energia renovável doméstica menos econômica, na verdade é um benefício para o globalismo e um benefício para nós", disse Yurkovich em entrevista realizada em Kiev uma semana após a companhia inaugurar uma usina de energia solar em Nikopol, na Ucrânia, usando componentes chineses. É o primeiro investimento sob um acordo de livre comércio celebrado entre Canadá e Ucrânia.

Em 22 de janeiro, Trump impôs uma tarifa de 30 por cento sobre importações de módulos e células solares após a Comissão de Comércio Internacional dos EUA declarar que os importados causam "sério dano aos fabricantes". Mais de 90 por cento dos painéis solares são feitos na China.

A empresa comandada por Yurkovich investe em projetos solares no mundo inteiro. Segundo ele, alguns projetos nos EUA serão cancelados por causa da obrigação tarifária e o setor passará a "procurar novos refúgios para investimento".

A usina solar da TIU Canada na Ucrânia tem 10,5 megawatts e fica 550 quilômetros a sudeste da capital, sendo a primeira dentro da ex-república soviética. A unidade vai fornecer eletricidade a comunidades próximas do rio Dniper. O local pode ser bom para novos empreendimentos porque é ensolarado, tem vastas terras sem relevo, baixo custo operacional e mão de obra qualificada, explicou Yurkovich.

"O sol na Ucrânia é tão bom quanto na Flórida, Louisiana, Texas ou sul da Califórnia", ele acrescentou.

A Ucrânia está abalada por um conflito de quatro anos no leste do país e é altamente dependente do gás da Rússia. O país tenta atrair empreendimentos renováveis para diversificar suas fontes energéticas e ofereceu tarifas de incentivo, com preços fixos para energia solar que vão diminuir todo ano até 2030.
A ucraniana Rodina Energy Group e a Enerparc, sediada em Hamburgo, inauguraram a primeira usina solar na zona de Chernobyl, onde ocorreu o pior desastre com usina nuclear da história.

No ano passado, a China Nuclear Energy Technology revelou planos para montar usinas solares na Ucrânia. A TIU Canada fará parte desse movimento, disse Yurkovich.

"Realmente queremos que a comunidade de investidores institucionais da Ucrânia e a tese dos renováveis decolem nos próximos dois anos", ele disse. "Estamos focados na Ucrânia."