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Analistas de Wall Street correm para pegar chocolates de graça

Craig Giammona

23/02/2018 15h44

(Bloomberg) -- Eles estão em volta das mesas, são quatro ou cinco analistas em cada uma, com sacolas nas mãos, esperando impacientemente o sinal para pegarem todos os chocolates da Hershey que conseguirem.

Dá para sentir a animação no ar. A competição vai ser intensa. E rápida. Em questão de minutos, os melhores produtos -- as clássicas barras de chocolate da Hershey, as Peanut Butter Cups da Reese -- terão sumido. Algum impaciente corre para pegar um Kiss, pega um e é repreendido pela equipe do hotel.

Crianças de escola? Não. Universitários sem dinheiro? Também não.

São analistas de Wall Street reunidos no elegante Boca Raton and Resort and Club na Flórida para uma convenção anual onde empresas de consumo buscam convencê-los de que vale a pena investir em suas ações. Todas as tardes do evento de cinco dias, conhecido como CAGNY, uma empresa oferece montanhas de amostras de seus produtos para a multidão voraz. Aparentemente, essa é uma oportunidade de mostrar novos produtos e de ganhar a boa vontade da multidão de analistas de números de ações.

A realidade é mais parecida a um frenesi, onde os analistas, e às vezes membros de suas famílias, se enchem de guloseimas cheias de açúcar.

A Mondelez International, fabricante dos chocolates Cadbury e do Oreo, atrai uma multidão estridente. Mas nada se compara com a agitação que envolve os produtos da Hershey. Veja como foi a edição deste ano.

Cronograma

14h: Dentro do salão principal, executivos da PepsiCo estão começando uma apresentação. Em outra sala, a Altria Group está encerrando sua sessão. A verdadeira ação, no entanto, está acontecendo em um corredor próximo. A equipe do hotel está montando a exibição da Hershey para o intervalo. Colocam um grande cartaz do "Hershey's Gold", o primeiro sabor novo da famosa barra de chocolate que sai em mais de 20 anos. Não tem quase ninguém por ali além dos funcionários do hotel. É a calmaria antes da tempestade.

14h10: Começam a aparecer mesas cheias de chocolates. Uma mulher entra de repente e pega um pacote do mix da Reese. Alguém grita "cubram, cubram". Os funcionários colocam rapidamente toalhas brancas sobre as mesas para dissuadir outros madrugadores.

14h17: Agora a maior parte das mesas está pronta. Os funcionários do hotel vigiam. Também há pessoal da Hershey fazendo os últimos ajustes na exibição.

14h44: A multidão em volta das mesas é de quatro ou cinco pessoas em alguns lugares. A tensão vai aumentando (um dia antes, para se antecipar ao evento da Mondelez, Andrew Lazar, analista do Barclays e diretor da conferência, disse -- meio de brincadeira -- para a multidão "ter cuidado" lá fora). Um funcionário do hotel dá o sinal e faz um gesto para os colegas retirarem as toalhas. Começou. E fica claro que os veteranos têm estratégias, porque agarram punhados de produtos, enchem as sacolas e continuam sem parar.

14h53: Acabou a correria inicial, mas ainda tem muita coisa para pegar. Os analistas continuam enchendo os bolsos com Hershey Kisses.

15h A próxima apresentação da empresa está começando e a maioria dos analistas voltou ao salão. Quase todos os doces da Hershey se foram.