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Megassucesso de Ed Sheeran ajuda gravadoras na era do Spotify

Lucas Shaw

01/03/2018 12h27

(Bloomberg) -- Max Lousada tinha a missão de transformar Ed Sheeran em uma estrela do mundo da música. O artista pop estava prestes a lançar seu terceiro álbum no início de 2017, e a equipe da Warner Music liderada por Lousada foi encarregada de que esse disco se tornasse o maior sucesso de Sheeran até o momento.

A campanha começou quando a Warner Music Group lançou dois singles de Sheeran de uma só vez, uma tática da época de Elvis e Fats Domino. Depois, o britânico ignorou novamente a convenção moderna ao recusar as ofertas promocionais de serviços de streaming e lançar o disco para todos ao mesmo tempo. As três maiores estrelas pop do mundo - Taylor Swift, Adele e Drake - haviam limitado aos serviços pagos o acesso on-line a suas novas obras e, como resultado, registraram grandes vendas.

"Havia essa ideia errada de que, se você colocasse o disco na Apple, no YouTube ou nos serviços gratuitos, as vendas de discos físicos cairiam", disse Lousada em entrevista.

A aposta deu certo, mostrando por que a Warner Music escolheu esse executivo de 44 anos para comandar sua unidade de gravação. A companhia foi líder do setor no ano passado, com um ganho de receita de 10 por cento, demonstrando que as gravadoras tradicionais podem ter sucesso na era digital.

Sheeran, um cantor e compositor desconhecido há sete anos, derrotou Drake e Swift e foi coroado o artista mais popular do mundo, informou a Federação Internacional da Indústria Fonográfica nesta semana. Um single, "Shape of You", foi a música mais popular de 2017, e "÷" foi o disco mais vendido.

Sucesso no Grammy

No cargo apenas desde outubro, Lousada não pode considerar-se o único responsável por esses sucessos, embora também tenha ajudado a criar um fenômeno cultural em torno do rapper Cardi B no ano passado e tenha visto Bruno Mars, artista da Warner, receber os principais prêmios Grammy em janeiro. Ele galgou a hierarquia da Warner Music levando consigo artistas como Sheeran, James Blunt e Mars.

E a Warner Music também não pode relaxar. Ela é a menor das três principais gravadoras, atrás da Universal Music e da Sony Music, e por isso tem menos influência nas negociações com as gigantes da tecnologia que distribuem suas músicas.

A estratégia prática e favorável aos artistas de Lousada é um modelo de como as gravadoras podem atravessar uma nova fase de turbulência, caracterizada pelo crescente poder de serviços de streaming, como Spotify Technology, e de gigantes da tecnologia, como Apple, Amazon.com, Facebook e Alphabet, proprietária do Google e do YouTube.

Esses novos atores aumentaram as vendas do setor, mas também estão tentando minar as gravadoras para economizar em royalties. Os serviços de streaming oferecem dados e análises sobre quando e onde lançar uma música, enquanto pequenas startups monitoram e coletam royalties por uma fração do que é cobrado por uma grande gravadora. Essas novidades oferecem aos artistas ferramentas para lançar suas músicas diretamente no YouTube e no Spotify - sem precisar lançar um CD.

"Apple, YouTube e Spotify sentem que são proprietários de um Bruno Mars ou um Coldplay, e nosso trabalho é administrar todas essas relações externas em benefício do artista", disse Lousada. "O discurso dos serviços de streaming é que eles não querem se tornar gravadoras, mas só o tempo dirá se isso é verdade ou mentira."