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A complicada matemática das feiras de arte que todos amam odiar

James Tarmy

07/03/2018 14h36

(Bloomberg) -- O mês de março inaugura a temporada de feiras de arte da primavera boreal, uma mistura de comércio, festas e cultura que os participantes adoram fingir que detestam. Embora as feiras sejam projetadas explicitamente para que as galerias vendam obras de arte, os negociantes não perdem a oportunidade de reclamar delas.

Para as pessoas em geral, esse fenômeno pode ser um pouco misterioso. Essas feiras de arte frequentemente ocupam imóveis privilegiados no coração das cidades, mas têm ingressos tão caros que a maioria dos habitantes locais não pode entrar.

Muitas das maiores feiras atuais começaram na década de 1970: Art Basel, realizada de 29 a 31 de março em Hong Kong, vende principalmente obras do século 20 e de arte contemporânea; TEFAF, realizada de 4 a 8 de maio em Nova York, é mais conhecida por suas antiguidades e grandes mestres.

Mas foi só no início dos anos 2000 que elas realmente deslancharam. "A razão pela qual as feiras de arte se tornaram tão importantes tem a ver com a mudança demográfica da riqueza", diz Marc Spiegler, diretor global da Art Basel. "A riqueza está cada vez mais nas mãos de pessoas que trabalham, em vez de pessoas que herdaram."

As gerações anteriores talvez tenham tido tempo para viajar pelo mundo à procura de quadros e objetos, mas os colecionadores atuais "estão criando sua fortuna ativamente", diz Spiegler. Uma feira de arte, com centenas de galerias em um único lugar, perto da casa dos colecionadores, "possibilita que os clientes de hoje descubram muitas galerias e artistas de forma concentrada".

Embora algumas feiras de arte tenham se tornado um destino em si - a maioria dos colecionadores na Art Basel Miami Beach não mora em Miami e, no ano passado, parecia haver mais gente falando alemão do que inglês na Frieze Art Fair em Londres - a feira, em essência, é um lugar aonde os negociantes vão para se aproximar dos clientes.

Como as feiras de arte ganham dinheiro?

As taxas de aluguel dos stands, pagas por galerias, constituem o maior fluxo de receita para quase todas as feiras de arte.

A feira Art Basel, em Basileia, na Suíça (14 a 17 de junho), geralmente considerada a feira mais destacada da temporada em termos de qualidade e custo do material oferecido, cobra de 400 francos suíços por metro quadrado na seção subsidiada "Statements" a 830 francos suíços por metro quadrado nas seções "Galleries" e "Feature". Um stand de 60 metros quadrados custaria cerca de US$ 53.000; um de 100 metros quadrados poderia custar mais de US$ 88.000.

A venda de ingressos também é um fluxo de receita. Para aumentar o público, algumas feiras oferecem ingressos a preços baixos, ou até mesmo gratuitos. A entrada da feira New Art Dealer's Alliance (NADA) em Nova York custa US$ 20; a 1-54 cobra 15 libras pelo ingresso de sua feira em Londres "e cerca de US$ 18 dólares em Nova York", diz Touria El Glaoui, fundadora da 1-54 Contemporary African Art Fair.

Além disso, as feiras de arte se empenham em conseguir patrocínio corporativo.