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Corrida para a Lua continua mesmo sem prêmio do Google

Pavel Alpeyev

12/03/2018 12h04

(Bloomberg) -- O Google cancelou sua corrida para a Lua semanas atrás, quando ficou claro que nenhum explorador privado completaria a viagem dentro do prazo, que termina no dia 31 de março.

Mas isso não vai parar pelo menos três equipes, de Israel, do Japão e dos EUA, que afirmam que suas missões serão levadas adiante, com ou sem o prêmio de US$ 20 milhões do concurso.

"Estamos avançando de vento em popa", disse Yigal Harel, diretor de programa da SpaceIL, a equipe israelense que planeja um pouso suave na Lua no final deste ano. Quando o Lunar XPrize foi lançado em 2007, o interesse na exploração da Lua estava em baixa. Nenhum governo pousava lá desde a década de 1970 e nenhuma empresa considerava o assunto seriamente. Mas o concurso provocou o efeito pretendido, dando início a um pequeno setor de pretendentes a exploradores espaciais, mesmo que ninguém tenha conseguido embolsar o dinheiro do Google.

No ano passado, o investimento global em startups espaciais realizado por capitalistas de risco subiu para um recorde de US$ 2,8 bilhões, segundo a empresa de pesquisa CB Insights.

Um dos motivos pelos quais está mais fácil alcançar a Lua é que escapar da gravidade da Terra ficou muito mais barato. Serviços privados de lançamento, como os que são oferecidos pela Space Exploration Technologies, de Elon Musk, podem colocar um satélite em órbita por cerca de um décimo do que teria custado dez anos atrás.

A SpaceX enviou no mês passado um foguete potente o suficiente para levantar o peso de um avião jumbo totalmente carregado. A equipe com maior probabilidade de chegar à Lua primeiro é a SpaceIL, sem fins lucrativos, que está tentando a façanha principalmente para provar que ela pode ser feita. Com algum financiamento da Agência Espacial de Israel e do bilionário magnata dos cassinos Sheldon Adelson, eles pretendem pegar carona com um dos foguetes Falcon 9 de Musk antes do final de 2018.

Outras equipes veem oportunidades de negócios na construção de infraestrutura lunar, no transporte de suprimentos para a Lua ou na extração de minerais do solo. Se houver enormes lagos congelados nas sombras das crateras lunares, como as imagens de satélite indicam, isso poderia se tornar um recurso valioso.

Claro, qualquer empreendimento comercial enfrentaria a incerteza de acordos internacionais obsoletos que não abordam como a propriedade privada funciona no espaço. Enquanto isso, os governos estão olhando para a Lua pela primeira vez em anos.

Nos EUA, o presidente Donald Trump solicitou quase US$ 900 milhões em novos fundos para as missões lunares da Nasa, que incluem a construção de uma estação espacial na órbita lunar em meados da década de 2020. A China pretende lançar uma sonda no lado escuro e inexplorado da Lua, onde não é possível receber sinais de rádio da Terra.

A Astrobotic Technology, com sede em Pittsburgh, e a japonesa ispace, que também disputavam o XPrize, aspiram a ser versões lunares da FedEx, com planos para algum dia ganhar dinheiro transportando equipamentos científicos e bens comerciais para a Lua.