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Volkswagen desafia Tesla com a compra de US$ 25 bi em baterias

Chris Reiter e Christoph Rauwald

13/03/2018 15h08

(Bloomberg) -- A Volkswagen garantiu 20 bilhões de euros (US$ 25 bilhões) em oferta de bateria para respaldar sua aposta agressiva nos carros elétricos nos próximos anos. A iniciativa joga pressão sobre a Tesla, que enfrenta dificuldades com o Model 3, seu carro para o mercado popular.

A maior fabricante de automóveis do mundo equipará 16 fábricas para a produção de veículos elétricos até o fim de 2022, contra três atualmente, informou a Volkswagen nesta terça-feira, em Berlim. Os planos da fabricante alemã de construir até 3 milhões desses carros por ano até 2025 são sustentados por contratos com fornecedores como Samsung SDI, LG Chem e Contemporary Amperex Technology por baterias na Europa e na China.

Assegurado o recebimento de baterias em seus dois maiores mercados, o acordo para a América do Norte sairá em breve, anunciou a Volkswagen. A fabricante de veículos com sede em Wolfsburg informou que planeja adquirir um total de cerca de 50 bilhões de euros em baterias como parte de sua aposta nos carros elétricos, que inclui três novos modelos em 2018 e outras dezenas na sequência.

Os planos da Volkswagen para as baterias contrastam com as obrigações de compra da Tesla, de US$ 17,5 bilhões, relacionadas principalmente à aquisição de células de íon de lítio da Panasonic, segundo comunicado recente. A Volkswagen classificou a operação das baterias como uma das maiores iniciativas de compras da indústria automotiva.

A partir do ano que vem, o grupo formado por 12 marcas lançará novos modelos movidos a bateria "praticamente todos os meses", disse o CEO Matthias Müller, na entrevista coletiva anual da empresa. "É assim que pretendemos oferecer a maior frota de veículos elétricos do mundo."

Dilema do diesel

A pressão para reformular a linha de produtos se intensificou na Volkswagen. O escândalo de fraude do diesel, que surgiu em setembro de 2015, gerou reações contrárias à tecnologia, entre as quais possíveis proibições ao uso urbano. O diesel é fundamental para o cumprimento de metas ambientais mais estritas por sua eficiência de combustível, embora emita óxidos de nitrogênio, que causam poluição atmosférica.

A fabricante alemã reafirmou seu apoio à tecnologia, e Müller se referiu a ela como "parte da solução", postura diferente da adotada pela Toyota Motor, que tirou de linha os carros a diesel na Europa, o principal mercado desses veículos.

Como parte da aposta de 20 bilhões de euros nos carros elétricos, a Volkswagen está montando uma submarca independente para os veículos movidos a bateria. O primeiro modelo da marca I.D. será o hatchback Neo, que sairá à venda em 2020. Já a marca de luxo Audi deverá iniciar ainda neste ano as entregas do SUV totalmente elétrico E-Tron.

Mesmo com os acordos para a compra de baterias, os problemas de oferta de energia da Volkswagen ainda estão longe de terminar. A empresa, que tem tido dificuldades para garantir fontes de cobalto, um componente fundamental das baterias modernas, informou que está trabalhando em formas de reduzir a quantidade necessitada por seus carros elétricos, o que sugere que essa preocupação continua existindo, mesmo depois de a empresa ter garantido a oferta para os primeiros lançamentos de carros elétricos.

--Com a colaboração de Oliver Sachgau