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Moda do bitcoin perde força após série de notícias negativas

Olga Kharif

15/03/2018 14h27

(Bloomberg) -- De repente, o bitcoin parece um pouco entediante.

Pode até ser difícil de acreditar. Mas após a alta de 1.400% em 2017, com fortes oscilações no caminho, a grande criptomania esfriou, pelo menos por enquanto. Nos últimos 30 dias, o preço do bitcoin estagnou entre US$ 8.000 e US$ 11.300 - uma faixa minúscula para seus padrões. E o número de buscas por "bitcoin" na internet caiu muito, o que sugere que o interesse da população também diminuiu.

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"As pessoas em geral estão percebendo que esta não é uma oportunidade de investimento sem riscos para enriquecer rapidamente, então o interesse geral diminuiu", disse Lucas Nuzzi, analista sênior da Digital Asset Research.

A calmaria de 2018 mostra a rapidez com que as modas de investimento vão e vêm. Por enquanto, foi-se o tempo em que o bitcoin dominava as conversas nos encontros de fim de ano. Ultimamente, as reportagens parecem tiradas das seções finais dos jornais financeiros - relatos secos sobre inspeções regulatórias, estrutura do mercado e litígios.

O número de buscas on-line por "bitcoin" caiu 82% em relação aos picos atingidos em dezembro, segundo o Google Trends. Os tweets que mencionam a moeda atingiram um pico em 7 de dezembro, com 155.560, e agora caíram para cerca de 63 mil, afirma a BitInfoCharts. E o número de transações com bitcoin caiu 60% desde que bateu um recorde em 13 de dezembro, segundo a Blockchain.info.

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O preço do bitcoin caiu na quarta-feira depois que o Google informou que proibiria propagandas de criptomoedas; o Facebook tomou a mesma medida em janeiro. Grandes bancos, como JPMorgan e Bank of America, proibiram as compras de criptomoedas com seus cartões de crédito, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA intensificou a vigilância das criptomoedas e o Congresso dos EUA está realizando audiências sobre como tratar as moedas digitais. Neste mês, investidores da Allianz Global Investors afirmaram que o "valor intrínseco" da moeda "deve ser zero".

"O caso do bitcoin é bastante simples", disse Roger Kay, presidente da empresa de pesquisa Endpoint Technologies Associates. "Ele subiu rapidamente e depois caiu mais rápido ainda. A maioria dos consumidores, que chegou tarde, levou grandes prejuízos. Agora eles estão nas sombras, lambendo as feridas. E quem está tentando enriquecer rapidamente já está bem ciente de que tudo o que sobe pode descer, e talvez o bitcoin não seja o melhor caminho."

Por enquanto, talvez o tédio seja o novo padrão de normalidade, porque a queda do interesse público poderia deixar o bitcoin em uma faixa relativamente estreita. Lembre-se de que depois que um rali aumentou o preço 84 vezes em 2013, a moeda voltou a cair na semana seguinte e ficou nesse patamar até voltar a decolar em 2017.

Sim, a queda durou mais de três anos.

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