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Google diz adotar igualdade salarial entre gêneros, mas exclui alto escalão

Laura Colby e Ellen Huet

16/03/2018 12h35

(Bloomberg) -- Depois de algumas grandes empresas dos EUA nos setores de tecnologia e finanças, o Google anunciou na última quinta-feira (15) que não encontrou diferença significativa entre a remuneração de seus funcionários do sexo masculino e feminino --mas tem um detalhe importante.

A Alphabet afirmou que para 89% dos mais de 70 mil funcionários do Google em todo o mundo não há diferenças de remuneração "estatisticamente significativas" relativas ao gênero ou à raça.

Os outros 11%, deixados de fora da análise porque pertencem a grupos de trabalho que são excessivamente pequenos ou desproporcionais para atender aos padrões de "rigor estatístico" do Google, incluem os vice-presidentes seniores da empresa e cargos superiores.

O Google divulgou essas informações após uma proposta realizada pela acionista ativista Arjuna Capital, que tem pressionado empresas de tecnologia e finanças a divulgar, e se comprometer a eliminar, as diferenças entre os salários de funcionários do sexo masculino e feminino.

"Nós nos sentimos incômodos com essa falta de amplitude", disse Natasha Lamb, sócia administrativa da Arjuna, acrescentando que estava "preocupada com o fato de que 11% dos funcionários do Google tenham ficado de fora da análise publicada na quinta-feira. Acreditamos que é possível melhorar e não podemos dar um selo de aprovação a uma análise incompleta".

"Buscamos continuamente maneiras de ampliar a porcentagem de Googlers incluída em nossas análises de equidade salarial, sem perder o rigor de nosso método analítico", disse uma porta-voz da empresa. Embora o Google não inclua os resultados de toda a força de trabalho, a companhia analisa a remuneração de todos e toma medidas para garantir a equidade em todos os níveis, disse ela.

Empresa é uma das primeiras a adotar metodologia

Lamb disse que não retiraria sua proposta, que pede à empresa que informe sobre os riscos que enfrenta em decorrência das novas políticas públicas sobre remuneração por gênero, "incluindo riscos à reputação, competitivos e operacionais e os riscos relacionados ao recrutamento e à retenção de profissionais do sexo feminino".

O Google é uma das primeiras das grandes empresas dos EUA a incluir sua metodologia no relatório. A maioria das empresas afirmou que "ajustou" seus números de acordo com a antiguidade, a localização e o título do cargo dos funcionários, mas o Google informou em uma publicação de blog na quinta-feira que havia limitado suas conclusões às categorias de emprego com 30 ou mais funcionários com pelo menos cinco homens e pelo menos cinco mulheres.

Esse critério excluiu todos os funcionários com um cargo superior a vice-presidente, disse a empresa.

Igualar salários custou US$ 270 mil ao Google

Dentro dos quase 63 mil funcionários incluídos, a empresa afirmou ter encontrado 228 trabalhadores com diferenças salariais estatisticamente significativas e aumentou sua remuneração, o que custou à companhia cerca de US$ 270 mil.

O Google passou o último ano defendendo-se de acusações de discriminação salarial, que é ilegal nos EUA. O Departamento de Trabalho dos EUA processou o Google no início de 2017, quando a empresa se recusou a fornecer dados de remuneração específicos em uma auditoria regular do governo.

Nos depoimentos judiciais relacionados, um representante da agência alegou ter encontrado disparidades de compensação "sistêmicas" contra as mulheres. O Google na época alegou que não havia diferença salarial entre homens e mulheres na empresa.