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Regra para combustível de navio beneficia melhores refinarias

Bill Lehane

21/03/2018 14h17

(Bloomberg) -- Preparem as máquinas de dinheiro -- as refinarias mais sofisticadas do mundo deverão entrar em uma fase de ganhos graças a uma mudança aparentemente sem importância nas regras aplicadas ao combustível consumido pelos navios.

A partir de 2020, as embarcações precisarão comprar combustível com menos enxofre ou instalar equipamentos capazes de reduzir as emissões do poluente. Uma coisa está clara: apenas uma pequena fração da frota mercante contará com esse equipamento quando as regras entrarem em vigor, já que muitos armadores argumentam que as refinarias têm a responsabilidade de vender o combustível certo.

Trata-se de uma notícia fantástica para as usinas complexas, entre elas algumas das maiores da Costa do Golfo dos EUA, da Europa e da Ásia. Ao contrário das refinarias mais simples, elas já têm capacidade de produzir diesel marítimo -- um combustível destilado semelhante ao diesel comum e que os navios terão que usar -- sem gerar o óleo combustível residual que viola a regra, segundo Alan Gelder, vice-presidente de mercados de refino, produtos químicos e petróleo da Wood Mackenzie em Londres.

"Eles vão nadar em dinheiro", disse. "Se a indústria da navegação precisar de combustíveis mais limpos, o setor de refino vai sair ganhando."

Os novos padrões para o enxofre, estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) em 2016, visam a reduzir a presença de um poluente responsabilizado por contribuir para problemas de saúde para seres humanos, como a asma, e para danos ambientais, como a chuva ácida. Algumas transportadoras afirmam que, em um caso extremo, as mudanças podem virar o comércio mundial de ponta-cabeça se o custo de cumprimento da medida for elevado demais.

O padrão global existente é de 3,5 por cento de enxofre no óleo combustível -- o resíduo normal quando as refinarias fabricam produtos de maior valor, como gasolina, diesel e combustível de aviação. As novas regras da IMO estabelecem um limite de 0,5 por cento, o que gera um incentivo para que as refinarias produzam um combustível menos poluente e que cumpra a regra para atender à demanda crescente da indústria naval.

'Fazer a festa'

As usinas com maior flexibilidade no processamento de diferentes tipos de petróleo -- como a instalação da Reliance Industries em Jamnagar, na Índia, e as unidades na Costa do Golfo dos EUA -- estarão entre as principais beneficiárias da mudança nas regras, disse Eugene Lindell, analista sênior da JBC Energy em Viena.

"Os custos de matéria-prima do petróleo estarão mais baixos, o que permitirá um ambiente de margem excepcionalmente elevada", disse. "[As usinas] vão fazer a festa."

Mais de 80 por cento das refinarias da Costa do Golfo dos EUA têm unidades de coque capazes de criar combustíveis de transporte a partir do óleo combustível residual do petróleo pesado, segundo pesquisa da Morningstar. A Reliance não respondeu a um pedido de comentário.

A BP é a mais bem posicionada entre as grandes petroleiras da Europa para aproveitar a mudança na regra da IMO, disseram analistas do JPMorgan Chase, incluindo Christyan Malek, em nota técnica, no início do mês. Os destilados respondem por cerca de 47 por cento da produção total de combustíveis da gigante do setor de energia, enquanto o óleo combustível com alto teor de enxofre representa cerca de 3 por cento, segundo a BP.

--Com a colaboração de Rachel Graham Laura Blewitt Alaric Nightingale Debjit Chakraborty Alex Longley e Rakteem Katakey