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Apple, Google e IBM vão à China com guerra comercial em formação

Mark Gurman

23/03/2018 14h39

(Bloomberg) -- Líderes da Apple, do Google e de outras gigantes da tecnologia dos EUA vão à China neste fim de semana em busca de um objetivo comum: fazer mais negócios no país mais populoso do mundo. No passado, o esforço teve resultados conflitantes, na melhor das hipóteses.

Com uma guerra comercial em formação entre as duas maiores economias do mundo, a meta se tornou ainda mais difícil.

Tim Cook, CEO da Apple, Sundar Pichai, CEO do Google, e Ginny Rometty, chefe da IBM, deverão participar do China Development Forum, um encontro anual para ajudar corporações ocidentais a construírem relações com autoridades do governo do país.

Cook é copresidente do evento neste ano e entre as empresas americanas de tecnologia, a Apple é a que tem mais em jogo. Os iPhones e outros aparelhos da marca têm vendido bem no país, mas a receita obtida com a região caiu no último ano fiscal da Apple. A empresa com sede em Cupertino, Califórnia, também foi criticada recentemente por transferir os dados dos usuários chineses do iCloud para conjuntos de servidores controlados pelo Estado.

No ano passado, a International Business Machines anunciou acordo com a empresa chinesa Wanda Group no fórum. O acordo foi pensado para ajudar a IBM a se expandir no mercado de nuvem do país, apesar de o grupo de mídia Caixin ter informado recentemente que a Wanda deixaria de trabalhar com a empresa norte-americana.

O Google abandonou a China continental em 2010 porque o governo censurava os resultados das pesquisas no website. A empresa vem tentando voltar nos últimos anos, mas conseguiu poucos progressos.

Esses obstáculos aumentarão se houver uma guerra comercial entre os EUA e a China. Na quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou a aplicação de tarifas de 25 por cento a pelo menos US$ 50 bilhões em importações chinesas, incluindo tecnologias de informação e comunicação. Além disso, acusou a China de roubar propriedade intelectual. A China reagiu aplicando taxas a algumas importações americanas.

A Apple pode sofrer um efeito negativo em cerca de 15 por cento de seus negócios se a China retaliar com impostos sobre as importações de produtos dos EUA, disse Gene Munster, da Loup Ventures, por e-mail na quinta-feira.

Steve Mollenkopf, CEO da Qualcomm, também participará da conferência, mas cancelou o plano de discursar.

A conferência é realizada dias depois de a Bloomberg News noticiar que os órgãos reguladores da China pedem mais proteções para as empresas locais para aprovar a proposta de compra da NXP Semiconductors pela Qualcomm. O Ministério do Comércio da China não está satisfeito com as remediações oferecidas pela Qualcomm até o momento e pediu mais contrapartidas, disseram pessoas a par do assunto.

A China é o maior mercado de smartphones do mundo e base de clientes fundamental para os chips de telefones celulares da Qualcomm. A empresa com sede em San Diego, na Califórnia, ganhou o direito de estender seu negócio de licenciamento de tecnologia na China em 2015 depois de pagar uma multa e concordar em cobrar taxas mais baixas dos clientes locais para os telefones vendidos no mercado.

--Com a colaboração de Mark Bergen Ian King e Gerrit De Vynck