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Depois de painéis e aço, próximo alvo de Trump pode ser urânio

Jim Polson e Joe Deaux

23/03/2018 12h33

(Bloomberg) -- Na quinta-feira, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas aos bens chineses, ele alertou: "Esta é a primeira de muitas".

Se ele estiver falando sério, outro possível alvo comercial é o urânio. Em janeiro, o governo impôs tarifas aos equipamentos solares exportados para os EUA. Pouco mais de um mês depois, Trump anunciou impostos sobre as importações de aço e de alumínio. As empresas americanas de urânio estão lutando para conseguir um alívio semelhante, porque os geradores de energia nuclear dos EUA estão usando cada vez mais suprimentos do exterior como combustível para suas usinas.

Os fornecedores de urânio estão invocando a mesma seção da Lei de Expansão Comercial usada pelo governo Trump para impor tarifas às importações de aço e alumínio. Se conseguirem, os geradores de energia nuclear dos EUA poderiam enfrentar custos mais altos para as importações de urânio, que representam quase 90 por cento do total consumido.

"A questão do urânio com certeza seria atraente para o governo Trump", disse Bryan Riley, diretor da Free Trade Initiative da National Taxpayers Union em Washington. "A disposição para impor restrições ao aço e alumínio com base em alegações sobre segurança nacional que eram, no máximo, fracas me leva a pensar que o governo está procurando outros setores com queixas semelhantes."

Uma associação profissional do setor nuclear dos EUA revidou na quinta-feira ao advertir que as empresas de serviços públicos já estão tendo dificuldades para lidar com mercados de eletricidade "deprimidos", a concorrência do gás natural barato e os ataques da energia renovável. "As possíveis soluções da petição poderiam expor um número ainda maior de unidades ao risco de fechamento prematuro", afirmou o Nuclear Energy Institute por e-mail.

Guerra comercial?

Enquanto isso, uma guerra comercial com a China já representa uma ameaça à oferta de urânio, disse Dan McGroarty, fundador da Carmot Strategic Group, uma consultoria de minerais de terras raras. "Eu estou um pouco preocupado com a possibilidade de que isso afete o urânio". A China já anunciou planos de represália com tarifas recíprocas sobre US$ 3 bilhões em importações dos EUA, que incluem diversos produtos, do aço até a carne de porco.

Na verdade, Trump poderia decidir evitar o debate sobre o urânio. O setor de urânio não emprega muita gente, e Wyoming - onde grande parte do combustível é produzida nacionalmente - já apoia Trump, disse Kevin Book, diretor administrativo da empresa de pesquisa e análise Clearview Energy Partners em Washington.

Na quinta-feira, o Departamento de Comércio afirmou que seu Escritório de Indústria e Segurança ainda está avaliando a petição dos produtores de urânio. Por sua vez, a Casa Branca já propôs aumentar o orçamento do departamento, em parte para apoiar o cumprimento de um "comércio justo e seguro".

--Com a colaboração de Jennifer Epstein Andrew Mayeda e Toluse Olorunnipa