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Queda do petróleo não acabou para algumas empresas americanas

Alex Nussbaum

27/03/2018 12h23

(Bloomberg) -- Mais de um ano após sair da falência, a SandRidge Energy está presa no purgatório do mercado de ações.

A empresa de exploração de petróleo e gás viu suas ações caírem 37 por cento desde outubro de 2016 apesar da reestruturação que eliminou US$ 4 bilhões em dívidas. O investidor ativista Carl Icahn ameaça iniciar uma briga por procuração e, na semana passada, a SandRidge rejeitou uma proposta de fusão que teria atribuído à empresa, antes avaliada em US$ 11 bilhões, estimativa de preço de apenas US$ 589 milhões.

Para as empresas de perfuração que tentam retornar do abismo fiscal, a situação é familiar. Mesmo com a escalada global dos preços do petróleo, sobreviventes de falências como a SandRidge e a Ultra Petroleum descobriram que a segunda chance não é tão fácil. As empresas sofreram quedas nas ações, expurgos de executivos e revoltas de acionistas e os investidores estão aprendendo que a explosão do xisto americano não é capaz de salvar todas as empresas.

"O resultado é que muitas dessas empresas não têm ativos muito bons para começar", disse Leo Mariani, analista da NatAlliance Securities em Austin, Texas. "Elas vão à falência e liquidam dívidas, tudo bem, mas os ativos com que terminam continuam não sendo muito atraentes."

Desde 2014, quando o petróleo iniciou uma queda histórica, pelo menos 134 empresas norte-americanas de petróleo e gás declararam falência, segundo o escritório de advocacia Haynes & Boone, com sede em Dallas. Entre aqueles que acabaram retomando o trading, os retornos não têm sido exatamente estelares.

A SandRidge pode ser um grande exemplo. Em novembro, a empresa de exploração de xisto de Oklahoma propôs a compra de US$ 750 milhões de outra empresa pós-falência cujas ações caíram, a Bonanza Creek Energy. Icahn chamou o acordo de superfaturado e o plano foi cancelado no fim de dezembro. Poucas semanas depois, o CEO James D. Bennett foi demitido.

Em fevereiro, um grupo de investidores promoveu um casamento arranjado entre SandRidge e outra antiga empresa falida, a Midstates Petroleum. A SandRidge rejeitou a oferta em 19 de março, mas disse que estava aberta a outras propostas.

Então, o que deu errado? Os pedidos de comentários não foram respondidos pela SandRidge, pela Midstates ou pela Ultra, mas veja o que está atrasando as recuperações, segundo analistas:

Áreas desinteressantes

Até mesmo as empresas de exploração mais saudáveis têm visto as ações definharem nos últimos tempos em meio a preocupações com a abundância global de petróleo. O pior, para muitas sobreviventes da falência, é que boa parte de suas áreas fica fora da cobiçada bacia de xisto de Permian, no Texas e no Novo México. A SandRidge e a Midstates, por exemplo, possuem terras em Oklahoma que se mostraram menos desejáveis, disse Tim Rezvan, analista da Mizuho Securities USA.

Acionistas de curto prazo

As falências geralmente acabam com os acionistas originais e deixam as empresas com uma base acionária diferente -- credores que viram suas dívidas transformadas em novas ações. Muitos dos novos proprietários não têm experiência em energia, nem compromisso com uma empresa de exploração particular para se destacar, disse o advogado da Haynes & Boone, Charles Beckham Jr.

Finanças complexas

A explosão da exploração de xisto dos EUA também gerou uma explosão de novas linhas de crédito, títulos e ações para financiar o setor, tornando as negociações muito mais complexas, disse Beckham.

"É difícil entender como evitar a falência ou como seguir em frente após uma falência, porque as estruturas de capital são muito mais escalonadas e complicadas", disse. "Durante muito tempo, o único capital de uma empresa de petróleo era o explorador e agora há muito mais gente sentada à mesa."