Não culpe emergentes. Maioria dos calotes ocorre em países ricos
(Bloomberg) -- Os países desenvolvidos responderam por nove de cada 10 calotes de fora do setor financeiro nas últimas duas décadas, segundo relatório da Moody's Investors Service.
Essa distorção reflete o número muito maior de entidades classificadas nos EUA e inclui uma grande quantidade de emissores de grau especulativo com notas mais baixas. As empresas dos mercados emergentes tendem a ser afetadas pela volatilidade cambial e por crises soberanas e bancárias, mas as implosões nos países desenvolvidos geralmente surgem de tendências do setor, da concorrência ou de políticas financeiras agressivas que minam a estrutura de capital, escreveram os analistas Richard Morawetz e Daniel Gates na nota da Moody's.
O título de maior inadimplente dos mercados emergentes em 2017 é da estatal Petróleos de Venezuela, que não honrou pagamentos de juros de mais de US$ 20 bilhões em dívidas. A América Latina respondeu por mais da metade do total e o Brasil, o México e a Argentina aparecem entre os países com mais calotes. A região é seguida pela Ásia-Pacífico e pelos mercados emergentes da Europa, do Oriente Médio e da África.
Pontos-chave
- De 1.716 calotes de empresas não-financeiras, incluindo empresas de serviços públicos, quase 1.600 ocorreram em economias avançadas; os calotes dos EUA somaram pouco menos de 1.300 no período.
- A Moody's prevê a queda da taxa de inadimplência neste ano para 1,7 por cento, bem abaixo da média de longo prazo, de 4,2 por cento desde 1983; houve um rápido aumento nos calotes em 2016, que atingiram o nível mais alto desde a crise financeira devido à queda dos preços da energia.
- "A economia global está em melhor forma agora do que em muitos anos", diz Richard Morawetz, diretor de crédito sênior do grupo de finanças corporativas. "Esses fatores são a base para a nossa projeção de taxa de calote baixa deste ano para empresas de grau especulativo."
- A taxa de calote corporativo anual médio das economias avançadas foi de 2,4 por cento de 1998 a 2017 e de 3,7 por cento nas economias emergentes; a diferença se deve, em grande parte, à série de crises soberanas no início do período analisado, que levou a taxas de inadimplência recorde nos mercados emergentes.
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