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UE será rigorosa na análise da fusão Linde-Praxair: Fontes

Aoife White, Oliver Sachgau e Andrew Noël

29/03/2018 14h29

(Bloomberg) -- A Linde e a Praxair enfrentam dificuldades para conseguir a aprovação da União Europeia para uma fusão de US$ 41 bilhões, disseram quatro pessoas informadas sobre o assunto, e as empresas avaliam se os desinvestimentos exigidos pelos órgãos reguladores podem superar o que estão dispostas a conceder.

Representantes da Linde e da Praxair mostram cada vez mais preocupação com a possibilidade de não conseguirem oferecer compensações que satisfaçam os órgãos reguladores apesar de a revisão ainda estar em fase inicial, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque o processo é privado.

O temor cresceu após reunião de 23 de março entre as autoridades e as empresas, disseram duas das pessoas. A Linde advertiu no mês passado que o acordo enfrentava exigências "mais onerosas" de órgãos reguladores globalmente do que o previsto pelas empresas.

A UE está se transformando em um obstáculo cada vez mais difícil para as fusões globais. A Blackstone Group e a Celanese cancelaram um acordo na semana passada depois que os órgãos reguladores exigiram um desinvestimento que as empresas alegaram ser "excessivo" para dissipar preocupações antitruste. A Bayer precisou oferecer mais compensações para conseguir aprovação para a compra da Monsanto na semana passada, enquanto a DuPont sacrificou grandes fatias de seu negócio de pesticidas em troca da autorização para a combinação com a Dow Chemical, no ano passado.

Limites rigorosos

A Linde e a Praxair estabeleceram limites rigorosos quando discutiram o plano de fusão, restringindo o que venderiam e fixando prazo até outubro para obtenção das aprovações antitruste. Combinados, os ativos não podem ter mais de 3,7 bilhões de euros (US$ 4,6 bilhões) em vendas anuais, ou lucro antes de juros, depreciação e amortização de 1,1 bilhão de euros. Elas já iniciaram uma venda de ativos europeus e americanos que pode chegar a US$ 8 bilhões, disseram pessoas informadas sobre o assunto.

A Comissão Europeia preferiu não comentar sobre a revisão. A Linde e uma porta-voz da Praxair também não quiseram comentar.

As preocupações da empresa surgem em um estágio bastante precoce do processo da UE. Negociações sérias sobre desinvestimentos geralmente ocorrem depois de a União Europeia emitir uma declaração de objeções delineando possíveis problemas com o acordo. A revisão da Linde e da Praxair pela UE tem prazo até 9 de agosto, o que normalmente significaria que qualquer objeção provavelmente seria enviada até o fim de maio.

A Comissão Europeia advertiu em fevereiro que a combinação de Praxair e Linde reduziria o número de grandes provedoras de gases como oxigênio e hélio na Europa a apenas três. A nova empresa pode ter poder para elevar os preços e coordenar o fornecimento com suas duas únicas grandes rivais, a Air Liquide e a Air Products & Chemicals, segundo a comissão. O órgão regulador não vislumbra a possibilidade de surgimento de nenhuma empresa nova capaz de competir com essas quatro.