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Prêmio da soja brasileira dispara com maior demanda da China

Tatiana Freitas

04/04/2018 14h44

(Bloomberg) -- A fome da China pela soja do Brasil, maior exportador mundial da oleaginosa, estimulou uma alta nos prêmios pagos pelo produto brasileiro, sinalizando que o país asiático silenciosamente começou a evitar as cargas dos EUA semanas atrás.

O prêmio pago pela soja para embarque em maio no porto de Paranaguá, no Paraná, saltou 63%, para US$ 1,17 o bushel, nos últimos 30 dias, segundo dados da corretora Ary Oleofar. O custo reflete a diferença entre os contratos futuros na Bolsa de Chicago e os preços domésticos no porto.

O prêmio saltou porque a China optou pela soja brasileira em detrimento das cargas americanas, disse Pedro Dejneka, sócio da MD Commodities, sediada em Chicago, em entrevista por telefone. "A China já vinha retaliando os EUA por trás das cortinas".

Mas há um limite para a escalada nos prêmios, diz o analista. Se a diferença entre os preços pagos pela soja no Brasil e nos Estados Unidos continuarem aumentando muito, os estoques americanos podem se tornar mais atrativos para todos os importadores, que se voltarão para a soja americana. Dependendo da diferença entre os preços, a soja americana pode até ficar competitiva do que a brasileira para os chineses, mesmo com a nova tarifa.

A produção do Brasil pode subir para um recorde de 117,1 milhões de toneladas nesta safra, com exportações estimadas em cerca de 73 milhões de toneladas, enquanto o processamento doméstico responde por aproximadamente 42 milhões, disse Dejneka. Isso significa que a China continuará precisando da soja dos EUA para atender a demanda.

"O Brasil ainda não pode suprir toda a demanda chinesa", disse ele. Os EUA são o segundo maior exportador de soja do mundo.