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Cinco assuntos quentes para o Brasil na semana

Josue Leonel

04/06/2018 07h05

(Bloomberg) -- Mercado deve reagir à indicação de Ivan Monteiro para substituir Pedro Parente na Petrobras. Principal questão continua sendo se política de preços da estatal será preservada. Inflação ganha destaque da agenda da semana com IPCA, que sai no dia 8. No exterior, dados americanos serão monitorados após payroll acima do previsto. Números do PIB no Japão e da zona do euro e balança comercial da China também são destaques. Veja os principais temas:

Monteiro no comando da Petrobras

Petrobras reduziu perdas após tombar 21,5% na mínima com a saída de Pedro Parente na sexta-feira, na expectativa de que Ivan Monteiro seria o novo CEO, confirmada no fim da tarde. Temer disse que o novo CEO é prova de que política de preços será mantida. Monteiro é bem visto pelo mercado, mas tendência da ação a partir desta semana deve depender da reversão das expectativas de que a autonomia da gestão da estatal está ameaçada. A proposta de replicar para a gasolina o reajuste de preços a cada 30 dias avança no governo, segundo o Painel da Folha na sexta. O Ministério de Minas e Energia disse que a autonomia da estatal está mantida, mas admitiu que governo discute um mecanismo que proteja o consumidor da volatilidade dos preços dos combustíveis nas bombas.

Inflação x câmbio

IPCA de maio tem estimativa mediana de 0,29% m/m, ante 0,22% em abril, e 2,74% a/a, ante 2,76% no mês anterior. Números comportados devem comprovar que o impacto da alta do dólar, de 6,05% em abril e mais 6,2% em maio, ainda não chegou nos IPCs, embora os IGPs já venham acusando essa pressão. A alta do dólar, que teria sido a responsável pelo freio da Selic no último Copom, pode ter peso maior nas futuras decisões do BC do que o comportamento da inflação corrente. Entre os dados da semana, ainda está a produção industrial de abril, primeiro dado de atividade de maior peso do segundo trimestre. Estimativa é de crescimento.

Após payroll, atenção a dados nos EUA

As idas e vindas da guerra comercial entre EUA e China e as crises políticas na Itália e Espanha seguem em foco, mas devem dividir espaço com os dados dos EUA que saem na semana, como os de pedidos às fábricas e bens duráveis. Os números voltam ao radar depois de o relatório de emprego norte-americano na sexta-feira indicar um desempenho melhor do que o previsto em maio. Caso surjam novos dados fortes, as apostas em uma política monetária mais dura do Fed devem ser retomadas, na contramão da recente sinalização menos hawkish dada pelo BC americano. Ainda na agenda externa, Japão e zona do euro divulgam PIB e saem dados da balança comercial chinesa na semana.

Efeitos da greve na economia e política

Os efeitos da greve dos caminhoneiros seguem em debate. Medidas para garantir o cumprimento do acordo com os caminhoneiros incluem redução de incentivos fiscais a exportadores e cortes em gastos sociais. Economistas preveem impacto de até 1pp no PIB do ano. Na política, efeito da crise pode ser gerar um clima ainda menos propício aos discursos de centro, preferidos do mercado. Candidatos pró-reformas tendem a perder ainda mais competitividade, em favor de um nome mais à direita, como Jair Bolsonaro, que tende a enfrentar no 2º turno algum desafiante de esquerda, como Ciro Gomes, disse Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria, em entrevista na semana.

Atuações do Tesouro e BC

No primeiro dia da segunda etapa de leilão extraordinário, Tesouro anunciou que não realizou nenhuma operação de recompra de títulos na sexta-feira. O anúncio sobre o prosseguimento dos leilões de recompra, feito na tarde de quarta-feira, derrubou a maioria dos contratos de DIs, mas não impediu a pressão sobre a curva. Será importante manter lotes grandes nos leilões de recompra, disse Luiz Eduardo Portella, sócio gestor da Modal Asset. Tesouro informou ainda que, mesmo após a intervenção extra, tende a ofertar volumes menores de títulos mais longos, mas garantiu que cumprirá as metas do PAF. BC também segue no mercado e anunciou a rolagem até 8.800 swaps nesta segunda-feira, além do lote de 15.000 diários.