IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Ouro pode chegar a US$ 1.400 em 2019 devido ao dólar fraco

Ranjeetha Pakiam

04/06/2018 13h17

(Bloomberg) -- Ouro pode ter registrado dois meses seguidos de quedas, mas deverá deixar os declínios para trás e subir em 2019 em meio à desvalorização do dólar.

O metal precioso começará a se recuperar no último trimestre do ano e terá um valor médio de US$ 1.375 a onça nos últimos três meses do ano que vem, podendo atingir um pico de US$ 1.400, disse Bart Melek, diretor global de estratégia de commodities da TD Securities em Toronto. Trata-se de um nível visto pela última vez em 2013.

Pressionado pela alta do dólar, o ouro caiu cerca de 5 por cento desde 11 de abril e é negociado em torno de US$ 1.293, apesar das turbulências políticas na Itália e das incertezas relacionadas a problemas no comércio global.

"Com o passar do tempo, haverá cada vez menos motivos para apostar no dólar americano, o que provavelmente reverterá parte dos fluxos", disse Melek, um dos palestrantes de uma conferência sobre metais preciosos que será realizada nesta semana, em Cingapura. "Em última análise, pensamos que, à medida que avançarmos para 2019, o dólar americano perderá força, o que será um combustível bastante poderoso para o complexo ouro."

O ambiente geral de taxa de juros deverá permanecer em baixa e o Federal Reserve subirá os juros mais duas ou três vezes no ano que vem antes de encerrar seu ciclo de aperto, disse Melek, por telefone, em 31 de maio. Esse fator, aliado à ampla valorização das ações, aos riscos geopolíticos e à tendência de queda na oferta das minas, provocará uma pressão crescente para a compra de ouro, acrescentou.

A curto prazo, não há muitos motivos para pensar que o ouro subirá, já que o dólar continua se consolidando e o Fed deverá elevar as taxas de juros mais duas vezes neste ano, disse Melek. Os preços previstos são de, em média, US$ 1.290 no terceiro trimestre e US$ 1.300 nos três últimos meses de 2018, disse.

Uma visão semelhante é expressada por Nicholas Frappell, gerente-geral global da ABC Bullion, com sede em Sidney. A curto prazo, o dólar mais forte ainda é um obstáculo e vai "tornar a vida difícil" para o ouro, mas o metal precioso encerrará o ano com muita firmeza, disse Frappell, que também discursará na conferência, em entrevista, em 1o de junho.

"Daqui para a frente, as condições do mercado do ouro parecem mais positivas à medida que a valorização do dólar diminui e fatores fiscais começam a corroer a força da moeda americana", disse, acrescentando que o ciclo de aperto pode chegar ao fim no ano que vem.