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Instagram e varejistas dos EUA tentam compartilhar conhecimento

Kim Bhasin

02/07/2018 14h21

(Bloomberg) -- Primeiro dia de aula no Instagram. Os alunos assinam acordos de confidencialidade antes de entrarem no escritório do aplicativo de compartilhamento de imagens em Manhattan. São cerca de 20 pessoas, quase todas mulheres, que passam primeiro pelos engenheiros que trabalham no Facebook antes de chegar a uma sala de reuniões.

Estão presentes executivas e gerentes de marketing de diversas empresas de moda e cosméticos. A Birchbox, distribuidora de maquiagem e produtos para banho que captou US$ 100 milhões e iniciou a onda de assinaturas no ramo, enviou seis representantes. Também está lá um grupo de funcionárias da Madewell, marca-irmã da J.Crew, assim como representantes da marca de jeans Ayr e da marca de calçados Soludos. Veio até a famosa designer Cynthia Rowley, junto com sua filha Kit Keenan, influenciadora do Instagram que já foi tema de reportagens da Teen Vogue e da Refinery29. A turma veio aprender a ganhar dinheiro usando o aplicativo, mas os funcionários do Instagram também têm muito a aprender com esses convidados.

Vishal Shah, diretor de produto da divisão Instagram Business, contou aos presentes que quer descobrir como os usuários mais ávidos da plataforma fazem compras. "Comprar não é uma jornada linear", ele disse. "Não é sequer um funil, no sentido típico. Nos referimos a isso como macarrão."

Esse macarrão logo estará no prato de consumo do mundo.

No passado, o Instagram não passava de um aplicativo para compartilhamento de fotografias. Agora, sua natureza visual e 1 bilhão de usuários ativos fazem com que vendedores salivem pelo potencial como local para venda de vestidos, móveis e muito mais. Do total de usuários, 150 milhões interagem com os 25 milhões de empreendimentos presentes no aplicativo.

O Instagram foi comprado pelo Facebook em 2012 por US$ 1 bilhão. A direção passou os últimos três anos tentando solucionar esse quebra-cabeças para compras. Todo mundo usa o smartphone o tempo todo e, nos EUA, ocorre a migração em massa das lojas físicas para lojas online como Amazon.com. Porém, quem faz compras online tem relutado em usar as redes sociais no lugar dos aplicativos de varejistas. Segundo relatório publicado no ano passado pela empresa de buscas visuais ViSenze, 54 por cento das pessoas que compram online nunca fazem compras a partir de redes sociais.

São os pequenos negócios que encontram maneiras criativas de promover seus produtos nas redes sociais. Jovens empreendedores abrem lojas online que usam o Instagram para atrair compradores para seus websites. Lojas de roupas vintage postam fotos e dão à primeira pessoa que comentar permissão para comprar itens exclusivos, criando uma corrida por vestidos e sapatos. Quem não agir a tempo não leva.

No entanto, o Instagram não facilita essas compras, uma vez que o processo é feito manualmente pelos empreendedores. Existe uma distância entre o Instagram e o universo do varejo, que se preocupa mais com ciclos da moda, estoques e merchandising do que com o uso de novos recursos do aplicativo.

A companhia estuda expandir nichos para descobrir como usuários experts geram comércio e deseja espalhar o que aprender.

A turma que foi ao escritório de Nova York deve ajudar a estreitar essa distância. "Nós realmente queremos investir nisso", disse Susan Buckner Rose, diretora de marketing de monetização. "Queremos que esses negócios não só tenham presença no Instagram, mas sejam capazes de alavancar todas essas ferramentas."

Maximizar a enorme presença do Instagram é bom negócio para o Facebook, e não só financeiramente. O aplicativo de compartilhamento de fotos oferece ao controlador a oportunidade de recuperar a reputação cultural perdida tempos atrás. No Facebook, estão presentes neonazistas e trolls de São Petersburgo. No Instagram, há imagens do pôr-do-sol e comida saudável. Em outras palavras, o Instagram ajuda o usuário a escapar da rotina dura. Para muita gente, fazer compras tem o mesmo sentido.

Porém, o aplicativo não é o único a fazer essa conexão. A companhia está entrando em um território cobiçado pela Amazon e por varejistas tradicionais interessadas em expandir as vendas pela internet.