Jovens indianos já não querem guardar suas economias em ouro
(Bloomberg) -- Os indianos mais jovens estão perdendo o amor pelo ouro.
As joalherias do país estão tendo dificuldades para atrair consumidores mais jovens por causa do enfraquecimento dos laços culturais com o ouro devido à rápida urbanização, ao maior acesso a outros tipos de investimento e ao apelo de bens de consumo de luxo.
"Lembro que minha mãe comprava anéis pequenos por todos os festivais hindus ao longo do ano desde a infância", disse a advogada Saloni Sulakhe, de 25 anos. "Mas, em nossa geração, é completamente irreal investir em ouro quando se vai simplesmente guardar o ouro para si", disse ela, acrescentando que os fundos de investimentos são melhores porque não têm valor emocional e você pode vendê-los quando necessário.
Sulakhe, que se mudou para Mumbai há cerca de oito anos, vinda de uma cidade a 400 quilômetros de distância, buscou assessoria financeira e prefere investir a maior parte de suas economias em fundos e apólices de seguro. Ela também comprou um pouco de ouro: "durante toda a minha vida, eu ouvi de meus pais que o ouro é um bom investimento", disse ela, por telefone.
As rúpias ganhas por jovens profissionais urbanos também estão bancando férias mais frequentes, aparelhos tecnológicos melhores e outros artigos característicos de um estilo de vida mais rico. Essa concorrência está obrigando as joalherias a se adaptarem, por meio de designs mais modernos, compras on-line para seus clientes mais adeptos da internet e outras ofertas de vendas que parecem mais aptas a varejistas de roupas ou produtos domésticos.
A Titan, maior fabricante indiana de joias de marca por valor de mercado, vende artigos urbanos e elegantes destinados a mulheres jovens através da marca Mia desde 2011 e comprou uma participação majoritária na varejista on-line CaratLane em 2016. Outras, como PC Jeweller e Tribhovandas Bhimji Zaveri, começaram a vender seus produtos em sites de comércio eletrônico como Amazon.com e Flipkart Group.
Dois terços da população da Índia, de 1,4 bilhão de pessoas, têm menos de 35 anos, de acordo com um relatório do Credit Suisse Wealth Management. Ao mesmo tempo, a proporção de moradores urbanos aumentou de um quarto em 1990 para cerca de um terço, à medida que os cidadãos migram para as grandes conurbações e as cidades menores se expandem. As consequências a longo prazo para a demanda no maior mercado de ouro do mundo depois da China são cruéis.
O consumo de ouro na Índia, quase todo importado, está em tendência de baixa desde 2010, devido aos esforços do governo para conter o déficit comercial e à repressão do primeiro-ministro Narendra Modi ao chamado dinheiro paralelo, que está fora da economia oficial e evade impostos.
Por outro lado, os fundos de investimento sob gestão triplicaram para um recorde de 22,6 trilhões de rúpias (US$ 330 bilhões) até maio, segundo a Associação de Fundos de Investimento da Índia, em contraste com apenas 7,4 trilhões de rúpias há oito anos, quando a demanda por ouro no país atingiu um pico recorde de mais de 1.000 toneladas.
O ouro agora está perdendo para itens como smartphones e carros, disse P.R. Somasundaram, diretor administrativo do Conselho Mundial de Ouro para a Índia. "A geração atual não vê o ouro do mesmo modo que suas mães ou avós", disse ele.
Repórteres da matéria original: Swansy Afonso em Mumbai, safonso2@bloomberg.net;Rupert Rowling em Londres, rrowling@bloomberg.net
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