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Empréstimos disparam nos EUA com firmas de tecnologia financeira

Hannah Levitt

03/07/2018 15h03

(Bloomberg) -- Heather Turner e o marido precisavam de alguns milhares de dólares para iniciar o processo de adoção de um adolescente da Ucrânia, e o momento foi favorável: lideradas pelas empresas on-line, as instituições financeiras abriram as torneiras dos empréstimos pessoais nos EUA, embora a preços elevados.

Os empréstimos pessoais atingiram um recorde neste ano e são a categoria de empréstimo ao consumidor que mais cresce nos EUA, segundo dados do serviço de proteção ao crédito TransUnion. Os saldos pendentes subiram cerca de 18 por cento no primeiro trimestre, para US$ 120 bilhões. As empresas de tecnologia financeira originaram 36 por cento do total de empréstimos pessoais em 2017, contra menos de 1 por cento em 2010, segundo a TransUnion, que tem sede em Chicago.

O casal Turner, que é de Lewiston, Maine, precisava de um empréstimo rápido e não queria usar nem a casa nem o carro como garantia. Heather Turner disse que a LendingClub organizou um empréstimo de três anos por menos de US$ 10.000 em outubro passado com taxa de juros de cerca de 23 por cento -- similar à de um cartão de crédito nos EUA. Chama a atenção o fato de que o empréstimo não tem garantia.

"É um empréstimo perfeito? Não", disse Turner, em entrevista. "Não esperávamos um empréstimo pessoal sem garantia com juro baixo."

Empresas web como LendingClub, Prosper Marketplace e a firma de capital fechado Social Finance estão estimulando o crescimento dos empréstimos pessoais. A LendingClub afirmou em comunicado que a emissão de empréstimos pessoais aumentou 20 por cento no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para US$ 2,1 bilhões.

"Muito crédito vai para as firmas de tecnologia financeira por terem revigorado uma categoria de empréstimos que sempre existiu", disse Jason Laky, líder da divisão de empréstimos ao consumidor da TransUnion, em entrevista. "Se lembrarmos do filme 'A Felicidade não Se Compra', George Bailey e seu banco ofereciam empréstimos pessoais aos consumidores. Trata-se de um produto bancário importante que existe desde os primórdios da indústria bancária."

Os bancos consolidados também têm uma fatia do mercado por meio de plataformas on-line como LightStream, da SunTrust Banks, e Marcus, do Goldman Sachs.

"Como resultado das mudanças na tecnologia, a oportunidade no espaço do consumidor chegou até nós", disse o CEO do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, no mês passado, no Economic Club of New York.

Os empréstimos pessoais representaram apenas 1 por cento do saldo pendente total dos consumidores americanos no primeiro trimestre, de US$ 12,9 trilhões, segundo a TransUnion. As hipotecas respondem pela maior parte da dívida do consumidor, quase US$ 9 trilhões, seguida dos financiamentos estudantis e automotivos. O segmento de empréstimos pessoais deverá crescer ainda mais considerando que os bancos estão se retirando de áreas como cartões de crédito e financiamentos de automóveis, disse Don Fandetti, analista do Wells Fargo.

Mas a verdade é que nem todos estão aderindo. A Discover Financial Services é uma das instituições financeiras que reduziram os empréstimos pessoais. O CEO David Nelms disse em conferência em junho que algumas firmas de tecnologia financeira "talvez tenham se deixado levar pelos preços e pelo crédito".