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EUA pedem mais petróleo e sauditas consideram aumentar preço

Serene Cheong

03/07/2018 14h33

(Bloomberg) -- A Arábia Saudita precisará buscar um equilíbrio particularmente delicado entre conquistar compradores e cobrar mais por seu petróleo quando definir os preços mensais para seus maiores clientes nesta semana.

Por um lado, o maior produtor da Opep pode se sentir tentado a reduzir os preços para atrair compradores asiáticos e atender ao presidente dos EUA, Donald Trump, que pede o fornecimento de mais petróleo para o mercado. Por outro lado, a oferta apertada, por causa de interrupções inesperadas da Líbia à Venezuela, dá aos sauditas uma desculpa perfeita para aumentar o preço e maximizar o lucro.

No cerne do dilema da Arábia Saudita está sua participação de mercado cada vez menor na Ásia. Depois de convencer a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados a reduzir a produção no início do ano passado, o reino viu seu domínio sobre a maior região consumidora de petróleo do mundo se reduzir, à medida que rivais como EUA e Irã aumentaram suas exportações. Agora, os preços globais do petróleo se recuperaram para os níveis registrados em 2014, a Opep concordou em relaxar as restrições e a Arábia Saudita precisa decidir se a participação no mercado é mais importante do que o preço.

Traders na Ásia estão tentando avaliar qual rumo será definido quando a estatal Saudi Arabian Oil Co., conhecida como Saudi Aramco, publicar os preços oficiais e mensais de venda nesta semana. "É complicado prever", disse Virendra Chauhan, da consultoria Energy Aspects. "Há fatores fundamentais e não fundamentais em jogo."

No mês passado, o país levou a Opep e seus parceiros - incluindo a Rússia - a tomar a decisão de aumentar a oferta, devido à pressão dos EUA para limitar o aumento dos preços do petróleo. A Arábia Saudita realizou em junho o maior aumento da produção de petróleo em cinco anos, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg News. No entanto, isso foi suficiente apenas para manter a produção da Opep estável, por causa do acúmulo de perdas do grupo em outros lugares.

Os sauditas provavelmente aumentarão a produção de tipos de petróleo mais leves e doces para exportação, mas o país também precisa considerar o impacto de disponibilizar muito petróleo cedo demais, o que poderia pressionar sua própria produção. Essa estratégia talvez não seja sustentável a longo prazo, disse o consultor de petróleo Chauhan, de Cingapura.

Também existe um risco em cobrar demais, e a Aramco já está sendo pressionada por alguns grandes compradores por causa de sua política de preços. A Unipec, unidade de trading da gigante chinesa do refino Sinopec, tem criticado acirradamente os preços oficiais de venda que considera excessivamente altos. A empresa buscou reduzir os volumes a prazo que importa da Arábia Saudita pelo terceiro mês em junho, após ter aumentado as compras dos EUA, o que incrementa o risco de uma guerra de lances à medida que a concorrência pelos tipos americanos se intensificou.

Em uma pesquisa com traders e refinadores asiáticos na semana passada, pelo menos dois disseram que não poderiam prever como a Aramco definirá seus preços oficiais de venda por causa dos incentivos conflitantes. A mediana das estimativas dos quatro que se dispuseram a fazer projeções foi uma redução de 20 centavos de dólar no preço oficial de venda do Arab Light em agosto.