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EUA perdem mesmo sem jogar na Copa do Mundo: Bloomberg Opinion

Brian Chappatta

04/07/2018 14h31

(Bloomberg) -- Foi muito ruim para os americanos a seleção masculina de futebol não ter se classificado para a Copa do Mundo de 2018. Para piorar, o torneio pode ter custado caro para o Tio Sam nos leilões do Tesouro desta semana.

As vendas de títulos do governo dos EUA de três meses e de quatro semanas, na segunda-feira, atraíram a pior demanda desde 2008, se medida pelas ofertas dos investidores em relação ao total emitido. Como resultado, a taxa de juros que o Tesouro precisa pagar foi maior do que a indicada antes dos leilões. Em nota que resume o resultado ruim da oferta de notas de três meses, Thomas Simons, do Jefferies, sugeriu que "a partida simultânea entre Brasil e México pela Copa do Mundo pode ter tido um impacto negativo na participação do leilão".

À primeira vista, parece uma maneira muito conveniente de explicar um resultado ruim. Afinal, como escreveu meu colega Robert Burgess, nada é tão impensável para os investidores quanto um leilão do Tesouro fracassado. E a carga nem era das grandes -- os EUA leiloaram apenas US$ 35 bilhões em notas de quatro semanas, contra US$ 65 bilhões em março.

Mas estrategistas do Citigroup tentaram provar a teoria de que a Copa do Mundo está influenciando os mercados de títulos em todo o mundo. E os resultados deles, que eliminam sazonalidades na tentativa de criar uma comparação justa, são muito convincentes.

Usando os mercados futuros para títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA e bunds alemães, David Bieber e Kim Jensen descobriram que os custos de execução aumentaram 5 por cento a 20 por cento durante as partidas da Copa do Mundo. Na comparação com a "referência" deles, o volume de negociação de títulos do Tesouro caiu 29 por cento durante o torneio de 2018. A profundidade do mercado de bunds retrocedeu 32 por cento em relação à norma, o que deixa implícita uma liquidez menor, apontaram.

No geral, os estrategistas do Citigroup descobriram que a Copa do Mundo gera mais "distração" para os traders europeus -- o que não é exatamente uma surpresa, considerando a popularidade maior do esporte e a saída precoce da Alemanha, maior surpresa do torneio.

A relação entre os lances recebidos e os lances aceitos (bid-to-cover ratio) para notas de quatro semanas dos EUA atingiu seu pico mais recente em 12 de junho, dois dias antes de a Rússia e a Arábia Saudita darem início ao torneio. Ninguém atribuiria a culpa pela queda das três semanas seguintes apenas à Copa do Mundo, mas com esse fator combinado ao fim do mês, ao fim do trimestre e a uma programação de leilões condensada devido ao feriado de 4 de julho nos EUA, é fácil ver como a falta de interesse dos investidores pode não ser necessariamente um presságio.

Além disso, a profundidade do mercado e o volume caíram de forma similar durante a Copa do Mundo de 2014. Talvez os operadores de títulos estejam simplesmente aceitando o conselho do Citigroup: "Desfrute do espetáculo do futebol ou pague custos de execução mais altos".

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.