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Fundo Verde da ONU vive momento difícil após renúncia de diretor

Jessica Shankleman

04/07/2018 14h12

(Bloomberg) -- O diretor do Fundo Verde para o Clima, criado pela Organização das Nações Unidas para ajudar no combate ao aquecimento global, renunciou abruptamente após menos de dois anos no cargo, lançando dúvidas sobre o futuro da organização.

Howard Bamsey, um diplomata australiano que trabalhava como diretor-executivo do fundo desde janeiro de 2017, renunciou após uma reunião "difícil" em que nenhum projeto novo foi aprovado, segundo comunicado divulgado após a reunião em Songdo, na Coreia do Sul.

"Foi uma reunião de conselho muito difícil e decepcionante para todos nós, mas mais ainda para as pessoas mais vulneráveis aos impactos da mudança climática, que dependem das atividades do fundo", disse Lennart Bage, que presidiu a reunião do GCF, sigla em inglês pela qual o órgão é conhecido, no comunicado.

Criado em 2010, o fundo se comprometeu com US$ 3,7 bilhões em projetos destinados a reduzir os gases causadores do efeito estufa e a ajudar os países a superarem o impacto da mudança climática. O órgão enfrenta dificuldades desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu reduzir o financiamento para a iniciativa e para outros projetos ambientais.

"Todos disseram que este é o momento mais difícil", disse Jasmine Hyman, consultora ambiental da empresa britânica E Co., que participou da reunião. "Foi uma reunião decepcionante, mas a esperança é que represente um canário em uma mina, e não um prego no caixão."

Bamsey foi o segundo diretor-executivo do fundo e tinha a responsabilidade de expandir os empréstimos realizados pela organização para projetos ecológicos em países em desenvolvimento. A maior parte da reunião, que durou quatro dias, foi usada para discutir itens da agenda e a substituição de outro enviado que vinha representando países em desenvolvimento, segundo Hyman.

"Eu vinha avaliando qual era o melhor momento para deixar o secretariado", disse Bamsey, em carta divulgada pelo GCF. "Devido a assuntos pessoais urgentes, simplesmente não podia permanecer até o fim do ano que vem, que é quando provavelmente terminará a renovação."

O Fundo Verde para o Clima era um ponto de convergência para os países em desenvolvimento que apoiavam o Acordo de Paris de 2015, um tratado histórico em que mais de 190 governos se comprometeram a reduzir as emissões de combustíveis fósseis.

O GCF se tornou alvo de Trump no ano passado quando o presidente anunciou que retiraria os EUA do Acordo de Paris e se concentraria na preservação da indústria do carvão.

O financiamento ao GCF apoia 76 projetos em todo o mundo e uma equipe de 250 pessoas em Songdo. Bage disse que o fundo deu início ao processo para encontrar um novo diretor-executivo.