Investigação dos EUA nubla horizonte internacional da Glencore
(Bloomberg) -- A investigação dos EUA sobre corrupção e lavagem de dinheiro na Glencore representa a soma de todos os medos da maior trading de commodities do mundo e do bilionário CEO Ivan Glasenberg.
A possibilidade de o Departamento de Justiça se somar à vertiginosa lista de problemas legais e regulatórios enfrentados pela empresa suíça em todo o mundo -- da Rússia à América do Sul, passando pela África -- gera grande preocupação há meses em executivos e acionistas, disseram pessoas a par do assunto.
As preocupações se confirmaram na terça-feira com o anúncio de que investigadores americanos solicitaram, por meio de intimação, documentos relacionados às atividades da Glencore na República Democrática do Congo, na Nigéria e na Venezuela desde 2007, o que provocou queda de 8 por cento das ações da empresa.
O risco mais óbvio de uma investigação americana é uma multa ou um acordo de soma elevada, mas a queda das ações, que eliminou US$ 5 bilhões em valor de mercado, ultrapassou em muito a maior penalidade já imposta pela Lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior dos EUA. Isso sugere que os investidores têm temores mais profundos, segundo Maximilian Hess, analista sênior de risco político da AKE International.
"A Glencore foi por muito tempo a empresa que operava onde os outros não podiam ou não deveriam", disse Hess. "Esta posição parece cada vez mais difícil de sustentar."
Os EUA não fizeram nenhuma acusação de irregularidade, nem especificaram o que está sendo investigado. A Glencore anunciou que está revisando a intimação e que fornecerá mais informações quando considere apropriado.
Em abril, Glasenberg teve que deixar o conselho de uma das maiores fornecedoras de alumínio da Glencore, a United Company Rusal, depois que seu maior dono, Oleg Deripaska, foi alvo das sanções mais rigorosas já impostas pelos EUA a um oligarca russo.
As dificuldades enfrentadas pela Glencore no Congo, onde opera enormes minas de cobre e cobalto, ajudam a aumentar a pressão legal. Entre os problemas enfrentados está uma possível investigação de subornos realizada por promotores do Reino Unido focada no trabalho da empresa com Dan Gertler, bilionário israelense que é aliado do presidente do Congo, Joseph Kabila, disseram pessoas a par da situação em maio.
Mas os EUA estão abrindo o leque adicionando a Venezuela e a Nigéria à investigação, o que aumenta a probabilidade de envolvimento da diretoria da Glencore em um longo processo legal. E quaisquer multas ou acusações resultantes só complicarão ainda mais os esforços internos para a definição de um sucessor para Glasenberg, 61.
Glasenberg comanda a Glencore desde 2002 e é também o segundo maior acionista da empresa, de acordo com dados da Bloomberg. Dois de seus auxiliares mais próximos estão associados a ações judiciais nos países nos quais o Departamento de Justiça está se concentrando.
Christopher LaFemina, analista do Jefferies, disse que a questão ameaça derrubar as ações da Glencore a longo prazo, a exemplo da disputa atual entre a mineradora rival Freeport-McMoRan e o governo da Indonésia.
"Os investidores provavelmente vão supor que a Glencore terá que pagar uma multa elevada e o custo de capital da Glencore aumentará devido ao risco geral maior", disse LaFemina.
Repórteres da matéria original: Jack Farchy em Londres, jfarchy@bloomberg.net;Thomas Biesheuvel em Londres, tbiesheuvel@bloomberg.net
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