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Guerra comercial com China pode estragar Natal do varejo nos EUA

Matthew Townsend e Hema Parmar

06/07/2018 12h17

(Bloomberg) -- Ainda é julho, mas o Natal se aproxima rapidamente para os varejistas dos EUA - e a ameaça de que a guerra comercial com a China se intensifique deixa setores que até agora foram poupados cada vez mais preocupados com que seus bens sejam incluídos na temida lista.

A ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas a pelo menos outros US$ 200 bilhões em mercadorias da China - além dos US$ 34 bilhões que entraram em vigor na sexta-feira - está aumentando os temores de que a importante temporada de compras de fim de ano se torne uma das vítimas na batalha contra o maior parceiro comercial dos EUA.

"Os varejistas já tomaram as decisões de compra para o que estará nas prateleiras das lojas no quarto trimestre para a temporada do Natal", disse David French, vice-presidente sênior de relações governamentais da National Retail Federation. Se os itens não forem importados antes que qualquer possível tarifa entre em vigor, isso levará a "preços mais altos, uma redução nos gastos do consumidor e uma redução da confiança do consumidor - e estamos muito preocupados com isso".

O governo Trump até agora cumpriu sua promessa de manter os bens de consumo fora da rodada inicial de tarifas, e o imposto de 25 por cento aplicado a US$ 34 bilhões em importações que entrou em vigor nesta sexta-feira se concentrou em maquinário. No entanto, caso não se chegue a um novo acordo comercial, Trump ameaçou adicionar uma tarifa de 10 por cento a mais US$ 200 bilhões em produtos fabricados na China e poderia dobrar esse valor para até US$ 400 bilhões no caso de retaliação chinesa. Isso abarcaria cerca de 80 por cento de todas as importações chinesas, e alguns tênis, roupas, smartphones e até brinquedos se tornariam alvos.

Máquinas de karaokê

"Isso cria muita incerteza para todos", disse Gary Atkinson, CEO da Singing Machine, que tem sede em Fort Lauderdale, na Flórida, e importa todas as suas máquinas de karaokê e seus outros equipamentos da China. "Tomara que nossa linha de produtos nunca apareça em uma dessas listas de tarifas."

Mas, se isso acontecer, a pequena empresa de capital aberto seguirá o mesmo caminho que milhares de outras companhias desde que Trump começou a impor tarifas a outros países, como México e Canadá, na tentativa de reduzir o déficit comercial dos EUA. Atkinson diz que provavelmente precisará aumentar os preços, o que diminuiria a demanda - um grande risco durante a temporada de compras natalinas, que é fundamental. Isso levaria a empresa a fazer menos pedidos a seus fornecedores chineses, o que, por sua vez, os prejudicaria.

Uma questão importante é que as cadeias de abastecimento não podem mudar da noite para o dia, especialmente no caso do setor de varejo, que tende a fazer pedidos meses antes de os itens chegarem às lojas. As empresas dos EUA passaram anos estabelecendo relações comerciais no exterior e passaram a confiar na competência e na confiabilidade das fábricas chinesas. Na indústria de brinquedos há poucas opções além da China, especialmente para itens mais complicados.

"Tentamos o Vietnã e a Indonésia, mas eles não têm a infraestrutura que os chineses têm", disse Isaac Larian, CEO da fabricante de brinquedos MGA Entertainment. "O negócio de brinquedos depende dos chineses, e não vejo uma mudança nisso."

--Com a colaboração de Doni Holloway e Lisa Wolfson.

Repórteres da matéria original: Matthew Townsend em New York, mtownsend9@bloomberg.net;Hema Parmar em N York, hparmar6@bloomberg.net