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Cooperativa de lácteos dos EUA terá primeira CEO mulher

Lydia Mulvany

27/07/2018 14h26

(Bloomberg) -- Para Beth Ford, que foi nomeada CEO da Land O'Lakes na quinta-feira e se tornará a primeira mulher a liderar a cooperativa agrícola americana, o futuro da produção de lácteos está em produtos de alto padrão, como o queijo de cabra com cinzas.

Os produtores de leite dos EUA enfrentam uma oferta global excessiva, e Ford afirma que ampliará a maior cooperativa de lácteos do país concentrando-a no desenvolvimento de produtos de alto valor. Ela apontou a Vermont Creamery, uma unidade da Land O'Lakes, como modelo a seguir. A empresa de produtos especiais fabrica o queijo anteriormente mencionado, além de crème fraîche e outros itens que têm preços mais altos.

Os produtores de alimentos de todo o mundo estão correndo para se adaptar à rápida mudança de gosto dos consumidores e ao aumento da demanda por produtos considerados artesanais, únicos e na moda. As redes sociais também têm influenciado profundamente o jeito de comer, porque todo tipo de comida, das tostadas com abacate ao macarrão de abobrinha, acaba ganhando um hashtag.

"Nesse contexto, em que as ideias e os dados são tão importantes, em que a inovação é tão importante, estamos bem posicionados", disse Ford, por telefone, na quinta-feira, acrescentando que a cooperativa buscará parcerias com o varejo e com empresas de outros setores para ajudar a criar novos produtos.

Como CEO, Ford planeja "aprofundar e acelerar" os investimentos em inovação nos diversos negócios da empresa. Embora a Land O'Lakes seja conhecida pelos lácteos, suas subsidiárias abrangem o chamado espectro da fazenda ao prato. É proprietária, por exemplo, da empresa de nutrição animal Purina e da Winfield United, que comercializa sementes e produtos químicos agrícolas.

Leite excedente

Mas os lácteos ainda dominam a cooperativa, e a transição para produtos de maior padrão pode ajudar os membros da Land O'Lakes a fortalecer seus lucros. A especialização poderia ajudar a compensar os prejuízos dos baixos preços das commodities em meio ao aumento da produção global de leite -- tendência que não deve se reverter tão cedo, na visão de Ford.

Ford assumirá o comando em 1º de agosto, quando o atual CEO, Chris Policinski, se aposentar, informou a empresa em comunicado, na quinta-feira.

Embora isso não tenha influenciado na nomeação, Ford não é a típica CEO do Fortune 500. Ela é apenas uma das 24 mulheres que detêm o título. E está casada com uma mulher, Jill Schurtz, com quem tem três filhos adolescentes.

Ford diz reconhecer que sua ascensão pode gerar impacto sobre minorias que não veem pessoas como elas em cargos de poder. Ela diz que trabalhou em ambientes inclusivos, mas que outras pessoas precisam esconder quem são.

"Algumas pessoas não se sentem à vontade a seu lado no trabalho", disse, o que torna mais difícil para elas atingir seu máximo potencial. "Este é um momento importante e estou entusiasmada por poder compartilhar essa informação."

--Com a colaboração de Shruti Date Singh.