Empresa cava sepulturas com antecedência para fugir de dívidas
(Bloomberg) -- A maioria das operadoras de cemitérios espera que uma pessoa morra para cavar a sepultura. Não é o caso da StoneMor Partners.
A StoneMor, a segunda maior operadora de cemitérios e funerárias dos EUA, afirma que abrir a cova assim que o cliente assina um contrato "com antecedência" - e depois tapá-la e cavá-la novamente quando o cliente precisar utilizá-la - agiliza o sepultamento para a família dos falecidos e permite estabilizar o solo, o que garante que as lápides não vão entortar.
"Não é incomum", disse Robert Fells, assessor geral da Associação Internacional de Cemitérios, Crematórios e Funerárias, da qual a StoneMor é membro.
No entanto, críticos afirmam que a StoneMor tem uma dívida de mais de US$ 300 milhões e precisa engrossar a receita o mais rápido possível. Um modo de fazer isso é abrir as covas, mesmo que fiquem vazias, porque dá à StoneMor o direito de usar as contas fiduciárias antecipadas dos clientes.
"Receamos que eles tenham uma quantidade limitada de dinheiro", disse Edmond DeForest, funcionário sênior de crédito da Moody's Investors Service, que no mês passado rebaixou a nota de crédito da StoneMor para um grau ainda mais especulativo.
Imóveis
Leo Pound, membro do conselho da StoneMor e ex-CEO interino, disse que a empresa tem "uma liquidez mais que adequada". Como a StoneMor é uma sociedade limitada de capital aberto, seu foco são os bens imóveis, diferentemente da concorrência, que se concentra mais em seus negócios funerários, disse Pound. A StoneMor abre covas com antecedência desde "o começo", disse ele.
"Fomos transparentes a respeito disso", disse Pound em entrevista. "É uma de nossas várias fontes de renda. Continuamos achando que é a coisa certa a fazer."
Em 2016, a StoneMor descobriu fraquezas na contabilidade, o que a levou a fazer reformulações. No mês passado, Jospeh Redling, ex-diretor da Nutrisystem, se tornou o quarto CEO da empresa desde março de 2017. Uma mudança nos planos de remuneração fez com que grande parte da sua força de vendas pedisse demissão, o que deixou a empresa com dezenas de cargos vagos.
Esses problemas restringiram a capacidade da StoneMor de lucrar com o que poderia ser um negócio rentável. Mais de 2,7 milhões de americanos morrem a cada ano, segundo o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos EUA. Nas mais de 19.000 funerárias do país, a mediana de custos de um funeral com velório e enterro é de cerca de US$ 7.360, segundo a National Funeral Directors Association. Alguns mausoléus chegam a custar mais de US$ 1 milhão.
"A StoneMor provocou seus próprios problemas", disse Ji Liu, associado da S&P Global Ratings.
Cremação
A crescente popularidade das cremações, uma alternativa menos cara, poderia reduzir os lucros no futuro, advertiu a empresa em seu documento anual de 2017. Cremações são realizadas para mais de metade dos falecimentos nos EUA, número que deve aumentar para cerca de 64 por cento em 2025.
"Os investidores podem analisar o balanço e ver quantos ativos eles têm", disse Liu, da S&P. "Eles têm fideicomissos de mercadorias, têm cemitérios. Se os investidores fizessem uma análise da liquidação, poderiam concluir que o valor do ativo é maior que o valor da dívida."
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