Farmacêuticas doam dinheiro para quem as processou nos EUA
(Bloomberg) -- A indústria farmacêutica está distribuindo milhões de dólares em ajudas e doações para organizações nas cidades, condados e estados que processaram as empresas por causa da epidemia fatal de opioides nos EUA.
Essas iniciativas poderiam ajudar as fabricantes e distribuidoras de analgésicos vendidos com receita, que enfrentam centenas de processos de comunidades de todo o país, a reduzirem seus impostos e a ganhar a boa vontade da população antes de um acordo que poderia chegar a vários bilhões de dólares sobre o papel delas em uma crise que mata mais de 100 americanos por dia.
O dinheiro está chegando a lugares que foram arrasados pela epidemia. A atacadista Cardinal Health, por exemplo, doou US$ 35.500 neste ano a uma associação sem fins lucrativos no devastado condado de Clermont, Ohio, onde o número de overdoses é muito alto há mais de dez anos. Ao todo, a empresa doou pelo menos US$ 3 milhões para cerca de 70 grupos -- alguns vinculados com demandantes no litígio.
Além disso, a atacadista de medicamentos McKesson financiou com US$ 100 milhões uma associação independente sem fins lucrativos dedicada ao combate à crise do abuso de opioides e a distribuidora AmerisourceBergen iniciou seu próprio programa de ajuda com foco em opioides. A Amerisource disse que ainda está ingressando a maioria das solicitações e não podia dar detalhes, mas anunciou uma ajuda de US$ 50.000 para três hospitais na área de Boise para lançar um programa que ajudará os pacientes com overdose de opioides.
Novas batalhas
As contribuições começaram principalmente após a onda de ações judiciais. Elas são pequenas em comparação com a quantia que as empresas poderiam ser obrigadas a pagar em um acordo judicial -- uma estimativa de analistas da Bloomberg Intelligence calcula essa possível conta em cerca de US$ 50 bilhões.
"É assim que essas batalhas são travadas atualmente. Elas não acontecem apenas no tribunal", disse Richard Ausness, professor de Direito da Universidade do Kentucky. "Se você ler essas denúncias, o que eles fizeram soa terrível, então eles estão tentando criar outra narrativa."
Andrew Kolodny, pesquisador da Universidade Brandeis e crítico das práticas empresariais das fabricantes de opioides, instou as comunidades a recusarem os fundos. "Eu certamente posso entender o quanto elas estão desesperadas, mas estão aceitando dinheiro manchado de sangue", disse ele. "Isso é relações públicas e as empresas querem dar a impressão de estar fazendo alguma coisa em relação a este problema."
Benefício
Para as cidades e os condados com serviços policiais ou programas de serviço social sobrecarregados, os benefícios de ter o dinheiro podem pesar mais do que qualquer desvantagem.
"Afinal de contas, aqui temos US$ 35.000 que podemos usar para fazer mais programas de prevenção para as crianças nas escolas", disse Karen Scherra, diretora executiva do Conselho de Saúde Mental e Recuperação do condado de Clermont. "Vamos punir as crianças e não fornecer esse serviço só por causa do que está acontecendo?"
Mary Makley Wolff, diretora da Coalition for a Drug-Free Clermont County, disse que a contribuição faz sentido como forma de prestar contas.
"Quem criou o problema tem que participar da criação da solução e isso significa financiar a solução mediante prevenção", disse ela.
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