Nova adição ao comitê de gestão do Goldman é mulher e jovem
(Bloomberg) -- O local escolhido foi o mais masculino possível: o Gotham Club, um cantinho exclusivo dentro do estádio do time de beisebol San Francisco Giants.
Foi lá em uma noite em dezembro que 100 mulheres atuantes no ramo de banco de investimento se reuniram em um jantar para lideranças. O grupo começou pequeno uma década antes, organizado por Stephanie Cohen - na época uma profissional em ascensão no Goldman Sachs e desgostosa com o Clube do Bolinha que dominava a condução de fusões e aquisições.
Desde então, Cohen, hoje com 41 anos, escalou cargos mais e mais altos no Goldman Sachs, até chegar, na semana passada, ao comitê decisório de maior prestígio na casa. A promoção dela foi a mais notável entre as dos quatro selecionados para o comitê de gestão ? e não só porque os demais eram homens.
Cohen agora é a mais jovem integrante do comitê e seu cargo inclui a rara expressão em latim "ex officio". O asterisco burocrático provavelmente foi acrescentado na tentativa de não desagradar executivos mais velhos que tentam entrar no painel há bem mais tempo. Na média, ela tem 10 anos a menos do que os homens que já estão no comitê, e virou sócia há apenas quatro anos.
Desde o começo deste ano, Cohen já carrega o vistoso cargo de diretora de estratégia, liderando a equipe que ajuda a definir onde o banco deve fazer aquisições ou buscar novas linhas de negócios. Quando o conselho do Goldman se reuniu na Costa Oeste dos EUA, no final de junho, ela fez uma apresentação sobre o trabalho dessa equipe.
Este relato sobre a ascensão da executiva se baseia em entrevistas com pessoas que trabalharam com ela e pediram anonimato.
Em meados de julho, a instituição anunciou que David Solomon será o sucessor de Lloyd Blankfein na presidência. A promoção de Cohen ao comitê dias depois é sinal de que ela tem a confiança do novo presidente. O painel de 33 pessoas só tem sete mulheres. Alguns dentro do banco acham que Cohen pode chegar ainda mais longe.
Operações rejeitadas
Cohen passou a carreira toda no Goldman Sachs, começando como analista em 1999 e trabalhando nos escritórios de Nova York e São Francisco. Ela se tornou diretora-gerente em 2008.
Foi quando atuava na área de conflitos e seleção de negócios que ela chamou atenção, segundo uma pessoa que trabalhou com ela na época. A área tem a obrigação de informar colegas sêniores quando não devem entrar em uma operação - uma tarefa difícil, na melhor das hipóteses.
Depois ela atuou de forma mais tradicional na área de fusões e aquisições no setor industrial. Uma das operações mais importantes da qual participou foi o pagamento pela Chrysler de um empréstimo feito pelo governo americano. Cohen trabalhou de perto com o então presidente do grupo Fiat-Chrysler, Sergio Marchionne, viajando para conversas em Detroit e com o Departamento do Tesouro. A transação delicada foi um marco na recuperação da montadora após a crise financeira.
Conselhos difíceis
Outro sinal de sucesso é que Cohen foi escolhida para criar uma unidade de atendimento a uma base crítica de clientes do Goldman Sachs: firmas de private equity, family offices e outros investidores estratégicos que também costuram negócios e, consequentemente, podem ser clientes difíceis.
"Às vezes é preciso falar o que as pessoas não querem ouvir e ela é das melhores para dar conselhos", disse Eileen Nugent, experiente advogada especializada em fusões e aquisições.
Se essa próxima etapa da carreira dela for bem-sucedida, Cohen pode fazer história na instituição. Alguns a veem como candidata a se tornar a primeira mulher a comandar a área de banco de investimento, a mais lucrativa do Goldman.
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