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Universidade japonesa teria discriminado mulheres em vestibular

Shiho Takezawa

03/08/2018 14h54

(Bloomberg) -- Uma universidade médica japonesa desencadeou uma forte discussão sobre sexismo no Japão ao reduzir secretamente pontuações de provas de vestibular das candidatas para manter a proporção de mulheres médicas baixa, segundo a imprensa.

A Universidade Médica de Tóquio, uma das principais instituições de ensino superior privadas do Japão, começou a manipular os resultados dos testes em 2010, quando as mulheres representavam mais de 40 por cento dos candidatos aprovados, informou a imprensa local, incluindo a emissora pública NHK.

A universidade discriminou as mulheres por temer que não pudesse continuar operando normalmente com um excesso de médicas devido à crença de que elas tiram licenças longas ou têm maior propensão a abandonar depois de terem filhos ou de se casarem, informou a NHK. Desde que começou a manipular os testes, a universidade manteve a proporção de estudantes do sexo feminino em menos de 30 por cento.

Em um ano, a universidade reduziu as pontuações das candidatas mulheres em até 10 por cento em relação às dos homens, segundo as reportagens. Um porta-voz da universidade preferiu não comentar as reportagens, dizendo que a instituição está consultando assessores jurídicos e planeja fazer um anúncio nas próximas semanas.

Apesar de o primeiro-ministro Shinzo Abe buscar promover as mulheres na força de trabalho e estimulá-las a "brilhar" equilibrando a criação dos filhos com um emprego, as mulheres representavam apenas 21 por cento dos médicos em 2016, segundo o Escritório para Igualdade de Gênero do gabinete de governo. As reportagens sugeriram que a manipulação da proporção entre gêneros pode não ter se limitado a essa universidade.

'Discriminação clara'

"A ideia inconsciente de que as mulheres não são adequadas para ser médicas precisa ser mudada", disse Mari Miura, professora da Universidade de Sophia, em Tóquio. "O governo também precisa investigar essa questão e responsabilizar a universidade."

O incidente atraiu críticas generalizadas na imprensa tradicional e nas redes sociais e um protesto seria realizado na universidade na noite de sexta-feira.

"Sempre suspeitei que as faculdades de medicina alterassem as pontuações das candidatas mulheres", disse Asami Kawakami, uma estudante de Medicina de 26 anos da Universidade de Medicina de Osaka. "Isso é uma discriminação clara. Além disso, as universidades cobram 60.000 ienes (US$ 540) dos candidatos."

O escândalo surge depois de os administradores da universidade supostamente terem acrescentado pontos no teste do filho de um ex-funcionário do Ministério da Educação que foi acusado no mês passado de ter pago suborno para que o filho entrasse na universidade.

--Com a colaboração de Kurumi Mori.