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Projeto de energia limpa do Walmart enfrenta políticas de Trump

Jim Efstathiou Jr.

06/08/2018 14h02

(Bloomberg) -- O plano apresentado pelo Walmart era audacioso e surpreendente: um dos maiores usuários privados de eletricidade dos EUA prometia obter metade da eletricidade que consome de fontes de energia solar e eólica até 2025. Se tivesse sucesso, o Walmart superaria o Google e se tornaria o maior comprador de energia verde do mundo.

Isso foi em 4 de novembro de 2016. Dias depois, Donald Trump foi eleito presidente dos EUA, e a energia verde passou a ser atacada enquanto o carvão era elogiado. Juntas, as propostas de Trump poderiam encarecer a energia renovável - o que criaria complicações para o Walmart, uma empresa que os progressistas adoram detestar, mas que tem 10 anos de compromisso com a energia limpa.

Elogiado pelo ex-presidente Barack Obama por sua tendência ecológica, agora o Walmart precisa seguir em frente sem um aliado na Casa Branca. Poucas outras empresas têm o tamanho e o apetite do Walmart para levar os mercados de eletricidade a serem mais limpos.

"Eles não podem alcançar as metas que desejam sem as políticas certas", disse Nathanael Greene, advogado sênior de energias renováveis do Natural Resources Defense Council. "O governo federal não está se opondo a eles. Mas eles simplesmente não podem contar com um apoio de verdade."

Até agora, não há sinal de que as políticas de Trump tenham levado empresas como a Amazon.com e o Google, da Alphabet, a usar menos energia limpa. As aquisições corporativas de energia eólica e solar já superaram o recorde do ano passado. E o Walmart, mesmo sem mencionar Trump, afirmou em comunicado na semana passada que suas "iniciativas de sustentabilidade continuarão conforme o planejado".

"Este trabalho está integrado à nossa empresa e consideramos que é importante reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa", disse o porta-voz Micah Ragland.

A promessa do Walmart de usar quase o dobro de energia limpa, apresentada pelo CEO Doug McMillon, acarreta usar 15,7 bilhões de quilowatts-hora de energia eólica e solar em 2025, segundo a Bloomberg NEF. Isso superaria os patamares estabelecidos por 140 empresas que também se comprometeram a adotar a energia limpa. Além disso, em comparação, essa quantidade de energia extra equivaleria aproximadamente à consumida por todo o Turcomenistão (população: 5,4 milhões) em 2015.

Obstáculos

O maior obstáculo para a meta do Walmart pode ser uma diretiva dada por Trump em 1º de junho para que o Departamento de Energia dos EUA impeça o fechamento de usinas nucleares e de carvão que enfrentam dificuldades. Qualquer subsídio concedido a esses geradores provavelmente reduziria os preços da eletricidade no atacado, o que por sua vez poderia tornar menos econômica a energia solar e eólica, de acordo com Stephen Munro, analista da BNEF.

O presidente também impôs tarifas à importação de tecnologia solar e anulou uma política de Obama para a promoção da energia renovável. Por causa disso, muitos grandes compradores de eletricidade estão revendo seus objetivos, disse Munro.

"Na medida em que o governo dos EUA minimiza ou elimina as políticas de apoio à energia limpa, acreditamos que isso traz o risco de enfraquecer os fatores econômicos da energia limpa no longo prazo", disse ele.

--Com a colaboração de Matthew Boyle.