Apesar das tarifas, China continua importando soja dos EUA
(Bloomberg) -- Parece que a China não pode evitar completamente a soja dos EUA, pois pelo menos algumas cargas da oferta americana estão chegando a seus portos.
A soja foi empurrada para o centro da guerra comercial entre os dois países. A China impôs tarifas de retaliação de 25 por cento sobre as remessas americanas, o que fez com que os compradores do país asiático corressem para o Brasil em busca de suprimentos. Mas, embora o país seja o maior exportador do mundo, é pouco provável que consiga satisfazer sozinho o apetite voraz da China.
As ofertas brasileiras começarão a diminuir em outubro, após meses de remessas recorde. É também nessa época que a colheita da safra dos EUA estará em pleno andamento. Como nenhum outro produtor realmente exporta o suficiente para satisfazer a demanda da China, o país provavelmente comprará dos EUA, ou sofrerá com a escassez.
"Começaremos a ver mais negócios sendo feitos" entre os EUA e a China, disse Mark Schultz, analista-chefe de mercado da Northstar Commodity em Minneapolis, nos EUA. "Talvez nunca volte aos níveis que tínhamos antes, mas vai ser melhor do que nada."
A China é o maior comprador de soja do mundo e transforma a oleaginosa em farelo, usado na alimentação do gado, e em óleo de cozinha.
Como a guerra comercial mudou os padrões de compra, os preços da oleaginosa dispararam no Brasil e os futuros nos EUA caíram. Mesmo com essa movimentação, a soja brasileira continua sendo mais barata para os compradores chineses do que a oferta americana por causa das tarifas, disse Paulo Sousa, diretor de grãos da Cargill para a América Latina, em um evento do setor nesta semana.
Não há superestimação na magnitude da China quando se trata de comércio de soja. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) estimou que as importações de soja da China cairão para 95 milhões de toneladas na temporada 2018-2019, o primeiro declínio em 15 anos. Mesmo com a queda, o volume ainda representa cerca de 60 por cento do total de remessas globais.
As exportações brasileiras para a temporada estão estimadas em 75 milhões de toneladas. Mesmo se a China sugar tudo isso sozinha, ainda terá um déficit de 20 milhões de toneladas, que precisará comprar em algum lugar.
Talvez seja quase impossível atender a essa necessidade de importação sem comprar dos EUA, que deve embarcar 55,5 milhões de toneladas. A Argentina, considerada como o segundo maior país exportador, deve fornecer apenas 8 milhões de toneladas, mostram dados do USDA.
Já há evidências de que a China continua comprando dos EUA. O graneleiro Betis zarpou do terminal de exportação da Gavilon Group em Kalama, Washington, nos EUA, para Xangai em 29 de julho, levando a primeira carga de soja americana destinada à China em três semanas, segundo relatório publicado pelo USDA.
Para atender à sua demanda a China provavelmente precisará importar pelo menos 10 milhões de toneladas de soja dos EUA, disse Jiang Boheng, analista da Luzheng Futures, em entrevista por telefone de Shandong.
--Com a colaboração de Mario Parker e Shuping Niu.
Repórteres da matéria original: Shruti Date Singh em Chicago, ssingh28@bloomberg.net;Tatiana Freitas em São Paulo, tfreitas4@bloomberg.net
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.