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Argentina responde à bacia do Permiano com impulso da YPF

Jonathan Gilbert

09/08/2018 13h18

(Bloomberg) -- A petroleira estatal argentina YPF está acelerando os esforços em Vaca Muerta com o objetivo de transformar a região patagônica produtora de xisto na próxima bacia do Permiano.

O número de sondas de perfuração dobrará para 10 em 2019, enquanto empreendimentos-piloto com a Schlumberger e a malaia Petroliam Nasional avançam para a produção plena no último trimestre, disse o CEO Daniel González em conferência com investidores.

Com essas áreas, que podem produzir futuramente entre 50.000 e 75.000 barris por dia cada, e com a ampliação em Loma Campana, um projeto emblemático com a Chevron, 20 por cento do petróleo da YPF virá de Vaca Muerta até o fim do ano que vem. A empresa está apostando alto na região para reverter a queda contínua da produção geral de petróleo e gás natural e alcançar um crescimento anual de 5 por cento.

A produção da YPF no segundo trimestre encolheu para o equivalente a 544.600 barris de petróleo por dia, quase o dobro da destacada produtora norte-americana Continental Resources. A produção de xisto, contudo, subiu de 49.900 para 55.900 barris equivalentes no primeiro trimestre (a YPF separa os números das áreas de produção de xisto e apertado).

Em Loma Campana, a empresa avançou. A produção começou a jorrar do poço mais longo. O poço, que tem 3.000 metros e 40 estágios de fraturamento hidráulico, custou US$ 14 milhões. A quantia é superior à praticada na bacia do Permiano, mas a YPF está anos atrás das produtoras dos EUA e a expectativa é que o custo caia -- como ocorreu nos poços mais curtos.

Expansão das instalações

No ano que vem, a YPF planeja adicionar mais uma sonda às três que já operam em Loma Campana para elevar a produção apenas nesse bloco a 100.000 barris por dia até 2024. Além disso, está expandindo as instalações de tratamento e um duto para estimular o desenvolvimento de mais de uma dezena de projetos-piloto existentes, disse Sergio Giorgi, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócio da empresa, na mesma conferência.

Um projeto-piloto de 20 poços com a Total mostrou bons resultados e as empresas negociam a adição de outros 40 poços. A YPF estuda também iniciar novos projetos-piloto, disse Giorgi.

Ainda assim, será difícil convencer mais parceiros a apostar em Vaca Muerta devido à "falta de consistência dos esquemas de preço", escreveu Florencia Mayorga Torres, analista da TPCG Valores, em relatório. O governo liberalizou o petróleo em outubro passado após anos de fixações de preços, mas voltou a estabelecer limites no segundo trimestre, decisão que posteriormente foi revertida para permitir o domínio do mercado.

Dúvidas sobre o gás

Nesse sentido, os investidores colocaram em dúvida a viabilidade da exploração de gás de xisto, considerando que a Argentina está se distanciando da intervenção no mercado de gás natural. Em vez de intervir, o governo pretende que as geradoras de energia leiloem contratos de oferta diretamente às produtoras, o que poderia reduzir os preços. González minimizou as dúvidas.

"Se esses leilões tiverem a capacidade de baixar os preços do gás no verão e aumentar os preços no inverno, estaremos bem", disse. "Se tivermos razão, em termos de convergência de preços" entre US$ 4,50 e US$ 5 por milhão de unidades térmicas britânicas, "posso dizer que isso não compromete nenhum de nossos projetos de gás de xisto".