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Chuvas pouco ajudarão plantações ressecadas da Europa

Manisha Jha

09/08/2018 11h55

(Bloomberg) -- As chuvas nos campos de grãos e beterraba da Europa nesta semana podem ser de pouca ajuda para as plantações prejudicadas pelo calor escaldante e pela seca.

As chuvas são praticamente insignificantes para a safra de trigo do continente, afetada por meses de estiagem e calor, porque a colheita já está em pleno andamento ou praticamente completa em países como a França. No caso do milho e da beterraba, que ainda estão em estágios de crescimento importantes antes do início da colheita, perto de setembro, as chuvas serão seguidas de um clima mais seco e quente que o habitual em boa parte de agosto.

São maiores as preocupações de que a produção terá problemas, já que os contratos futuros do milho são negociados perto da maior alta em cinco anos em Paris. A consultoria agrícola Agritel estima que a condição da colheita se agravará ainda mais na França, a principal produtora da União Europeia, o que significa que o bloco pode ter que importar mais do que o esperado. Muito dependerá do clima nas próximas semanas, mas a produção de açúcar da UE poderá cair 10 por cento em relação ao ano anterior, segundo o analista François Thaury, da Agritel.

"As chuvas no fim desta semana aliviarão temporariamente o estresse, mas chegarão tarde demais para reverter os danos" do milho, disse David Streit, meteorologista da Commodity Weather Group em Bethesda, Maryland, nos EUA. "As condições mais quentes ou mais secas para o restante do mês continuarão dificultando o preenchimento e novamente reduzirão o potencial de rendimento" das plantações do norte, disse.

O clima mais quente a partir desta semana afetará quase um terço da produção de milho da UE e reduzirá o potencial de rendimento, segundo a CWG. A produção da Alemanha cairá 49 por cento nesta temporada, segundo o grupo de cooperativas DRV. O bloco é um dos maiores importadores e, no mês passado, o Conselho Internacional de Grãos aumentou a projeção para as importações da UE em cerca de 4 por cento.

"A UE precisará importar quantidades maiores do que o esperado de milho nesta temporada e os EUA podem ser um fornecedor fundamental", disse Didier Nedelec, diretor-geral da consultoria agrícola francesa Offre & Demande Agricole Groupe.

O calor e a estiagem maiores também podem ameaçar a produção de açúcar. A projeção é de que as temperaturas nos principais países produtores de beterraba da Europa, como França, Alemanha, Reino Unido e Polônia, ficarão até 10 graus Celsius acima do normal nas próximas semanas, informou a CWG. A estiagem deve retornar na semana que vem e continuar durante todo o mês de agosto.

Os testes iniciais da beterraba apontaram para rendimentos médios no sul da Alemanha, mas rendimentos menores na França e na Bélgica. Os cortes significativos nas projeções de produção da UE podem ajudar a recuperar os preços, disse Robin Shaw, analista da corretora Marex Spectron Group, com sede em Londres. Os contratos futuros do açúcar branco caíram quase 50 por cento em relação ao pico de 2016 porque o fim das cotas para a produção da UE aumentou o excedente global.