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Governo americano mira em imóvel chinês perto da Trump Tower

Gillian Tan

09/08/2018 13h35

(Bloomberg) -- Fica no coração de Manhattan. A sudeste, está o complexo que abriga a Organização das Nações Unidas e a sudoeste, a estação de trem Grand Central. A quatro quarteirões, o edifício que, de uma hora para outra, virou símbolo do poder presidencial, a Trump Tower.

O endereço 850 Third Avenue passou de prédio de escritórios a potencial questão de segurança nacional.

O motivo aparente: o proprietário é um conglomerado chinês, HNA Group, gigante que nos últimos anos se tornou garoto-propaganda das ambições globais da China.

O HNA comprou o edifício localizado no número 850 da Terceira Avenida antes da eleição de Donald Trump à Casa Branca. Agora, o ativo do grupo está na mira do Comitê de Investimento Estrangeiro dos EUA, que revisa as implicações desses investimentos para a segurança nacional. Existem "fatos e circunstâncias únicos", afirmou um representante da HNA em comunicado distribuído na quarta-feira.

Um potencial problema é que o prédio de 21 andares também abriga uma das duas únicas delegacias de polícia que ficam dentro do perímetro de uma milha (1,6 quilômetro) da Trump Tower, que é onde o presidente se hospeda quando vem a Nova York. Sem entrar em detalhes, o HNA afirmou que está tomando providências para lidar com as preocupações do comitê. Essas questões não existiam quando o HNA comprou o imóvel, ressaltou o comunicado.

Ainda assim, o endereço de repente virou alvo de especulações. O jornal New York Post publicou que o governo Trump iria tomar uma participação majoritária no imóvel. O HNA negou: "Não há desapropriação ou venda forçada do 850 Third Ave em curso ou pendente e é brutalmente impreciso e enganador sugerir isso." Um representante do Comitê de Investimento Estrangeiro não retornou solicitação de comentário da reportagem.

Esse olhar mais atento coincide com a escalada da tensão entre EUA e China. Há relatos de que o governo chinês decidiu ajudar o HNA com suas dificuldades de liquidez. O conglomerado chinês vendeu mais de US$ 17 bilhões em ativos para reduzir uma montanha de dívidas e vem oferecendo o edifício em Manhattan desde pelo menos fevereiro. Desde aquela época, o grupo já vendeu imóveis em São Francisco e Minneapolis.

Guerra comercial

A atenção do presidente americano aos investimentos chineses nos EUA vem se intensificando junto com a guerra comercial contra a segunda maior economia do mundo.

Alguns acordos de peso já afundaram, como a tentativa do bilionário chinês Jack Ma de comprar a provedora de pagamentos MoneyGram International, sediada em Dallas. A tentativa da Broadcom de comprar a californiana Qualcomm por US$ 117 bilhões - que teria sido o maior acordo no setor de tecnologia até hoje - foi barrada, com o argumento de que a fusão beneficiaria a gigante chinesa de telecomunicação Huawei Technologies. Nesta semana, a Shenzhen Energy Group cancelou planos de comprar ativos de energia solar nos EUA pertencentes a uma subsidiária da Canadian Solar, pois não conseguiu aprovação em tempo hábil do Comitê de Investimento Estrangeiro.

O HNA acertou a compra do imóvel da 850 Third Ave antes da eleição de Trump. O grupo virou referência para empreendimentos chineses ávidos por aquisições, que tentavam fazer negócios pelo mundo todo antes de o governo chinês começar a restringir essas investidas no último ano, temendo dívidas insustentáveis no setor corporativo.

--Com a colaboração de Hannah Dormido.