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Dona do emblemático `21' Club de NY avalia venda de ativos

Patrick Clark

10/08/2018 14h45

(Bloomberg) -- No filme, é lá que Gordon Gekko ensina a Bud Fox: "Compre um terno decente. Você não pode vir aqui vestido assim."

E é lá, na vida real, que presidentes, socialites, estrelas e negociantes socializam há quase um século. O lugar é o "21" Club, o emblemático restaurante nova-iorquino do poder e antigo speakeasy (estabelecimentos que vendiam bebidas ilegalmente) -- e em breve, talvez, um troféu para algum membro do clube do 0,01 por cento.

A Belmond, dona do "21", do Hotel Cipriani, em Veneza, e do Grand Hotel Europe, em São Petersburgo, na Rússia, entre outras propriedades hoteleiras de luxo, está reavaliando suas opções estratégicas, disse o presidente do conselho da empresa na quinta-feira. Nenhuma opção está descartada, nem mesmo vender aos poucos ativos valiosos.

Gekko e Bud, do famoso filme "Wall Street: Poder e Cobiça", estariam entusiasmados: as ações da Belmond prontamente subiram 35 por cento com a notícia.

No "21", o pensamento ainda não tinha atravessado a música dos coquetéis noturnos. Às 18 horas de quinta-feira, todos os assentos do salão frontal estavam ocupados. Taças de martini gelavam atrás do bar ao som da trilha sonora que consiste em "principalmente Sinatra".

Na sala de jantar, aonde Bogart levava Bacall, os clientes estudavam os cardápios sob um teto repleto de brinquedos e memorabilia. Um modelo do navio torpedeiro PT-109, presente de John F. Kennedy, continua lá, assim como o taco de sinuca de Jackie Gleason.

'Último do tipo'

No bar, um cliente frequente chamado Jerry Leventhal parece ter ficado sem ar com a ideia de que o "21" possa acabar mudando de mãos. "Se por algum motivo este lugar fechar", disse, sem terminar a frase. "É o último do tipo."

Leventhal visitou o restaurante pela primeira vez em 1960, quando, aspirante a ator, conseguiu juntar US$ 12 para o almoço. Ele vestiu sua melhor roupa, mas foi insuficiente. Não o deixaram entrar. "Foi o fim de uma era, quando era preciso ser famoso", recordou.

Hoje em dia, qualquer um pode passar pelos portões de ferro ornamentados e corpos de jóqueis de ferro coloridos e ocupar um assento no bar, até mesmo um repórter usando um blazer um número menor que o seu, emprestado no último minuto para respeitar o código de vestimenta da sala de jantar.

Na quinta-feira, o presidente do conselho da Belmond, Roland Hernandez, enfatizou que a empresa estava estudando todas as opções, o que pode significar a manutenção de ativos únicos da empresa -- entre os quais uma frota de barcaças de luxo, uma coleção de campos de safáris e alguns trens turísticos.

É uma boa aposta que uma possível venda envolva a divisão dos ativos da empresa, considerando que suas propriedades provavelmente tenham mais valor como troféus para investidores extremamente ricos do que como negócios operacionais.

"Todo príncipe, sultão e oligarca daqui ou de qualquer lugar se interessaria em ter pelo menos alguns desses ativos, e não estariam particularmente interessados em quanto Ebitda receberiam com eles", disse David Katz, analista da Jefferies, em referência à sigla em inglês que designa os resultados antes juros, impostos, depreciação e amortização.

Considerando a clientela do "21", os bancos que assessoram a Belmond podem não precisar ir muito longe caso a empresa decida vender. "Considerando o que gastei aqui ao longo dos anos, eu já deveria ser dono deste lugar", disse Leventhal.