CEO culpa mudanças climáticas por prejuízo com incêndios
(Bloomberg) -- Este foi o maior incêndio já registrado na Califórnia. No fim de julho e em agosto, incêndios florestais devastaram uma área ao norte de São Francisco muito maior do que a cidade de Nova York, destruindo mais de 100 casas e ferindo dois bombeiros. Este é apenas um de uma série de incêndios de rápida propagação que mataram pelo menos 56 pessoas neste ano e que continuam se espalhando pelo Estado Dourado.
As autoridades ainda não sabem a causa de alguns dos incêndios, mas a gigantesca empresa elétrica da região, a PG&E, atribui a culpa às mudanças climáticas. Os incêndios dos últimos anos, afirma, são o exemplo mais recente de que o aquecimento global tem produzido condições extraordinariamente quentes e secas que geram incêndios mais frequentes e intensos. "A mudança climática não está mais chegando, já chegou", disse a CEO da PG&E, Geisha Williams, por e-mail. "E nós convivemos com isso todos os dias."
Os cientistas tendem a concordar com essa avaliação. Mas a maior empresa elétrica da Califórnia tem um motivo especialmente convincente para ligar os incêndios ao meio ambiente. Investigadores estaduais culparam equipamentos da PG&E, como linhas de energia atingidas por árvores, por alguns dos incêndios de outubro que destruíram cerca de 9.000 estruturas e mataram 44 pessoas. A empresa enfrenta prejuízos que chegam a US$ 17 bilhões e uma possível ruína financeira -- suas ações caíram cerca de 37 por cento desde os incêndios --, a menos que Williams consiga convencer os parlamentares da Califórnia de que o problema da empresa é, na verdade, um problema de mudança climática.
Manto verde
Invocar o ambiente é uma estratégia inteligente em um estado que tem assumido o manto verde frente ao cético governo Trump. (Aliás, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu sua opinião sobre os incêndios na semana passada, culpando a falta d'água e a legislação ambiental ruim. A tese foi completamente rejeitada). O grito de guerra de Williams -- não nos culpe, culpe as mudanças climáticas -- está pegando. Concessionárias vizinhas da PG&E, a Edison International e a Sempra Energy estão repetindo a defesa, que pode servir de modelo para empresas elétricas de todo o mundo em um momento em que o aquecimento global está produzindo eventos climáticos extremos, como os furacões que atingiram o Texas e Porto Rico.
Williams está empregando o argumento por meio de uma campanha de lobby para proteger a PG&E da responsabilidade. A legislação da Califórnia sustenta que donos de propriedades podem cobrar indenização das empresas elétricas em caso de incêndio -- mesmo que estas não sejam negligentes. Ela argumenta que, devido à frequência cada vez maior dos incêndios, as empresas elétricas não deveriam ser responsabilizadas cada vez que um galho de árvore cai sobre um cabo de energia durante uma tempestade se todas as regras de segurança são respeitadas. Em vez disso, o teste deveria apontar se a empresa atuou "de forma razoável" para tentar evitar incêndios, com ações como podas de árvores e limpeza de linhas, sustenta. Nesse caso, seguradoras e órgãos do governo arcariam com os danos.
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