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Goldman triplica receita e chega a 1º lugar na América Latina

Cristiane Lucchesi, Felipe Marques e Vinícius Andrade

13/08/2018 15h21

(Bloomberg) -- A expansão do Goldman Sachs Group na América Latina está dando resultados.

As comissões geradas com a atividade de banco de investimento na região mais do que triplicaram neste ano e o banco ficou em primeiro lugar em receita pela primeira vez.

O escritório recentemente reaberto em Buenos Aires, chefiado por Matías Rotella, que foi transferido de Nova York, tem parte do mérito, assim como uma equipe de banco de investimento reforçada no Brasil, onde o número de funcionários saltou de 30 para 40. Gonzalo Garcia, que foi nomeado co-chefe de banco de investimento na América Latina no fim de 2016, contratou pelo menos nove executivos seniores desde então, incluindo Max Ritter, do Morgan Stanley, que lidera fusões e aquisições na região.

"Fortalecemos nossa linha de frente com contratações seniores e algumas promoções internas, aprimoramos a conectividade com nossa rede global e garantimos o fornecimento da nossa expertise global", disse Garcia em entrevista por telefone, de Londres.

A receita de consultoria em fusões e liderança em operações de dívidas e ações subiu para US$ 124,1 milhões neste ano até 7 de agosto, contra US$ 34,4 milhões no mesmo período do ano passado, de acordo com a empresa de pesquisa Dealogic, que tem sede em Londres. Isso se compara a comissões de US$ 114,2 milhões do Citigroup, o segundo colocado. O mais próximo que o Goldman Sachs havia chegado do topo do ranking na América Latina foi em 2001, quando ficou em segundo lugar.

O total de comissões na região chegou a US$ 1,3 bilhão, um aumento de 9,6 por cento em relação ao ano passado.

Transações da PagSeguro

Uma grande fatia das comissões do Goldman Sachs veio de duas ofertas de ações da PagSeguro Digital, a empresa brasileira de tecnologia financeira de pagamentos. Uma oferta pública inicial de US$ 2,6 bilhões em janeiro e uma oferta subsequente de US$ 1,1 bilhão em junho, ambas na Bolsa de Valores de Nova York, garantiram receita de US$ 45,6 milhões para o Goldman Sachs, segundo cálculos baseados nos prospectos.

O banco com sede em Nova York também foi um dos líderes de um IPO de US$ 978,3 milhões da empresa brasileira de assistência médica Hapvida Participações e Investimentos e de outro IPO de US$ 867,4 milhões de um fundo mexicano de investimentos imobiliários chamado CFE Capital S de RL de CV.

Essas transações ajudaram a levar o banco a outro primeiro lugar do período: o de liderança na emissão de ações, em que o Goldman Sachs participou de US$ 1,72 bilhão em negócios e de quatro das cinco maiores transações, segundo dados compilados pela Bloomberg. O total de ações emitidas na América Latina chegou a US$ 13,8 bilhões, um aumento de 3,3 por cento.

O banco está até usando seu balanço em financiamentos estruturados sob medida e de longo prazo. Ele foi o único a comprar R$ 3,2 bilhões em títulos locais para a construção da maior usina de gás natural do Brasil, o projeto Porto de Sergipe I, de 1,5 gigawatt, da Centrais Elétricas de Sergipe. A General Electric está construindo a usina e a SERV, a agência suíça de crédito à exportação, está financiando o título.

Risco

"Queremos fazer mais disso", disse García. "Expandimos nosso apetite por tomar o risco dos clientes e administrá-lo para nos livrar dessa exposição."

Como o BNDES está reduzindo os empréstimos, há mais espaço para as instituições privadas, de acordo com Antônio Pereira, diretor do banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil.

"Sabemos que os mercados locais não tem profundidade suficiente para fornecer todo o financiamento necessário para projetos de infraestrutura no Brasil", disse Pereira. "Serão necessárias fontes externas e os bancos globais, como nós, estarão bem posicionados."

Repórteres da matéria original: Cristiane Lucchesi em São Paulo, clucchesi5@bloomberg.net;Felipe Marques em São Paulo, fmarques10@bloomberg.net;Vinícius Andrade em Sao Paulo, vandrade3@bloomberg.net