China não quer 'projetos de vaidade', diz Xi Jinping na África
(Bloomberg) -- O presidente chinês, Xi Jinping, está usando uma reunião de dezenas de líderes africanos em Pequim para confrontar as críticas de que as enormes iniciativas de desenvolvimento da China possam sobrecarregar economias emergentes com dívidas.
O Fórum de Cooperação China-África, que começa nesta segunda-feira, oferece uma oportunidade pública para Xi defender sua iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, pensada para desenvolver estradas, ferrovias, portos, dutos e outras ligações comerciais. Em um evento de negócios antes da cúpula, Xi disse que a China tinha "total respeito pela vontade própria da África" e que não está interessada em formar um "clube exclusivo".
"A cooperação da China com a África está claramente direcionada aos grandes gargalos do desenvolvimento", disse Xi, em uma possível prévia de seu discurso na cúpula desta segunda-feira. "Os recursos para a nossa cooperação não devem ser gastos em nenhum projeto de vaidade, mas em lugares onde façam mais diferença."
Embora forneça aos governos africanos uma infraestrutura muito necessária sem as exigências políticas e fiscais do Ocidente, o investimento apoiado por Pequim também gerou reclamações devido à preferência da China por empréstimos e à relutância em usar mão de obra local. Essas preocupações aumentaram depois que Xi ampliou o plano Um Cinturão, Uma Rota para boa parte do globo e o vinculou à sua ambição de concluir o retorno do país ao status de grande potência.
'Novo colonialismo'
Nos últimos meses, Pequim tem enfrentado críticas de países como Austrália e Índia por suas práticas de dívida e até mesmo alguns acadêmicos chineses expressaram dúvidas. O primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, alertou para "uma nova versão do colonialismo" durante visita a Pequim no mês passado depois de suspender um projeto ferroviário de US$ 20 bilhões de construção chinesa.
Xi se reuniu no domingo com líderes como o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o presidente do Djibuti, Ismail Omar Guelleh. Depois de se reunir com Ramaphosa, Xi prometeu "proteger os direitos legítimos dos países em desenvolvimento", informou a agência oficial Xinhua News.
O presidente do Egito, Abdel-Fattah El-Sisi, saudou o aumento do investimento chinês durante reunião com o premiê Li Keqiang e pediu esforços para "explorar conjuntamente os mercados da Europa, do Oriente Médio e da África", afirmou a Xinhua.
O governo Trump, que descreveu as iniciativas de infraestrutura da China como um desafio à influência dos EUA, está discutindo um maior investimento em infraestrutura na região Ásia-Pacífico com a Austrália e o Japão, mas as fontes de financiamento continuam incertas. "O investimento chinês tem o potencial de confrontar deficiências de infraestrutura da África, mas sua abordagem gerou um endividamento crescente e poucos postos de trabalho, ou nenhum, na maioria dos países", disse o então secretário de Estado americano Rex Tillerson durante visita a Adis Abeba, na Etiópia, em março.
Estão na África alguns dos maiores fornecedores de petróleo e de outras commodities da China, além do pequeno país de Djibuti, na parte leste do continente, que hospeda a primeira base militar do país oriental no exterior. O comércio total entre a China e os países do continente aumentou 14 por cento no ano passado, para US$ 170 bilhões, segundo dados chineses.
--Com a colaboração de Pauline Bax, Xiaoqing Pi, Miao Han e Karl Maier.
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