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Rússia deixará de dar carona a americanos para estação espacial

Justin Bachman

03/09/2018 11h39

(Bloomberg) -- O contrato da Rússia para oferecer caronas na Soyuz aos astronautas da Nasa até a Estação Espacial Internacional termina em abril, disse o vice-primeiro-ministro russo Yuri Borisov a jornalistas, na sexta-feira.

O término coloca pressão adicional sobre a Nasa para restaurar sua própria capacidade de levar e trazer membros da tripulação dos EUA para o laboratório em órbita. A agência espacial está contratando a Boeing e a SpaceX para desenvolver novos veículos para o transporte de astronautas, mas o trabalho tem sido prejudicado por atrasos.

A Nasa depende da Rússia desde que a aposentadoria do transporte espacial, em 2011, encerrou o acesso controlado pelos EUA à estação espacial. O Congresso e o governo do presidente Donald Trump têm promovido a importância do programa comercial para acabar com essa dependência, especialmente frente à piora das relações diplomáticas entre os dois países.

Um voo da Soyuz planejado para abril de 2019 "concluirá o cumprimento de nossas obrigações sob um contrato com a Nasa relacionado ao transporte de astronautas americanos à EEI e o retorno deles da estação", disse Borisov, na Energia Rocket and Space Corp., segundo noticiado pela TASS, a agência oficial de notícias da Rússia.

Contrato de US$ 6,8 bi

Em setembro de 2014, a Nasa entregou à Boeing e à Space Exploration Technologies, de Elon Musk, um total combinado de US$ 6,8 bilhões para recuperar a capacidade dos EUA de voar até a estação. A SpaceX planeja lançar a Demo-2, seu primeiro voo de teste tripulado, em abril de 2019, e o voo de teste tripulado da Boeing agora está previsto para meados de 2019, segundo um novo cronograma divulgado pela Nasa em 2 de agosto.

Ambas as datas são posteriores às que as empresas vinham mirando. Os primeiros voos de teste da Boeing e da SpaceX sem tripulação poderiam ocorrer no fim deste ano, segundo o cronograma de voos mais recente da Nasa.

A expectativa é que a Rússia ofereça caronas aos astronautas até novembro de 2019, que é a data planejada de retorno de uma cápsula Soyuz da estação espacial, segundo relatório de julho do Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA ao Congresso.

"A obtenção de assentos adicionais na Soyuz parece improvável, já que o processo de fabricação do ônibus espacial e de contratação desses assentos normalmente leva três anos -- o que significa que não haveria assentos adicionais disponíveis antes de 2021", informou o relatório.

Assentos de US$ 81 mi

A Rússia cobra da Nasa cerca de US$ 81 milhões por assento na Soyuz para levar e trazer astronautas da estação. A Nasa assinou acordo no início de 2017 para adquirir assentos adicionais na Soyuz em 2019, mas nenhum outro contrato envolvendo a nave russa foi anunciado.

Representantes da Nasa preferiram não informar se a agência discutiu a compra de mais assentos na Soyuz com as autoridades russas.

"Como parte do planejamento de suas operações normais, a Nasa continua avaliando diversos cenários para garantir a continuidade do acesso dos EUA à Estação Espacial Internacional", disse a porta-voz da Nasa, Stephanie Schierholz, por e-mail.