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Bayer vê queda do Real inflar custos da indústria no Brasil

Fabiana Batista

05/09/2018 13h11

(Bloomberg) -- A Bayer, gigante dos produtos químicos agrícolas, enfrenta um desafio de margem no Brasil, já que a desvalorização da moeda local provoca um aumento nos custos que é difícil repassar aos clientes.

A empresa não consegue repassar o aumento de custos na mesma velocidade em que o real caiu, disse Mauro Alberton, diretor de marketing estratégico da unidade brasileira em uma entrevista em São Paulo. A moeda brasileira se desvalorizou mais de 20 por cento em relação ao dólar neste ano. A Bayer espera poder compensar parte do aumento de custos com repasse de preços assim que a moeda começar a se estabilizar, disse ele.

As vendas da empresa para o ano-safra 2018-2019 no Brasil estão em patamares semelhantes ao mesmo período das últimas temporadas, embora os agricultores devam aumentar o plantio, especialmente de soja e algodão. Alguns produtores podem estar adiando as compras na esperança de que uma recuperação do real possa reduzir o preço dos insumos agrícolas, disse ele.

As ações da companhia caíram cerca de 23 por cento neste ano em Frankfurt.

Problemas no Brasil

As empresas agrícolas vêm sofrendo com os vários anos de queda nos preços das safras, mas a situação tem sido particularmente difícil no Brasil. Uma recessão profunda no País apertou as condições de crédito, e uma seca severa em 2016 também reduziu a colheita de milho. Isso diminuiu a renda dos produtores e deixou-os mais cautelosos na hora de comprar insumos para plantio com antecedência. Neste ano, o governo do Brasil elevou os custos do frete rodoviário, o que aumentou também a incerteza dos agricultores em relação à lucratividade das safras.

Ainda assim, a Bayer projeta que a demanda do Brasil por produtos químicos agrícolas continuará aumentando, disse Alberton.

"Ainda vemos fundamentos positivos para o uso de tecnologias pelos agricultores no Brasil neste ano", disse ele. "A maior parte do mercado ainda está para acontecer."

Parte do aumento esperado na demanda é atribuído às vendas de um novo fungicida lançado no Brasil neste ano. O produto, chamado Fox Xpro, estará disponível para os produtores de algodão para controlar ramulária, a doença fúngica mais prejudicial para a fibra. O fungicida também é aplicado a outras culturas, como grãos e cereais. A Bayer provavelmente começará a vender o fungicida para uso comercial na soja no próximo ano, disse Alberton.

(Atualiza com ações da Bayer no quarto parágrafo.)

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Ney Hayashi, ncruz4@bloomberg.net