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Novo CEO da Discover diz que Amazon não é inimiga dos bancos

Jenny Surane

01/10/2018 11h30

(Bloomberg) -- Wall Street observa com cautela uma possível incursão da Amazon no terreno das finanças, mas o novo CEO da Discover Financial Services não está muito preocupado com invasores do campo da tecnologia.

Roger Hochschild, de 54 anos, assume o cargo máximo nesta segunda-feira, depois de mais de uma década como presidente e diretor de operações do sexto maior emissor de cartões de crédito dos EUA. Ele disse que empresas como a Amazon, a gigantesca varejista considerada preparada para usar sua plataforma on-line como um trampolim para os serviços financeiros, e o Google, da Alphabet, não são ameaças prováveis.

"Eu as vejo como parceiras com capacidades de ponta de que precisamos", disse Hochschild em uma entrevista por telefone. "Pouquíssimas empresas de tecnologia querem se tornar um banco e estão bem conscientes de alguns dos desafios e regulamentações que vêm com isso. Então, acho que o risco de que alguns desses nomes entrem no setor bancário é um pouco exagerado."

Hochschild sucede a David Nelms, que está deixando o cargo de CEO depois de quase 15 anos. A mudança ocorre em meio a um aumento do interesse no mercado de cartões de crédito por parte de concorrentes como Wells Fargo e Goldman Sachs. E as empresas de tecnologia dos EUA estão tentando revolucionar o mundo financeiro facilitando pagamentos ou oferecendo empréstimos a pequenas empresas.

A Discover, com sede em Riverwoods, Illinois, considera a Amazon e o Google como parceiros, disse Hochschild, acrescentando que muitas companhias financeiras dependem dessas empresas como provedores de tecnologia. A Discover usa os serviços de computação em nuvem da Amazon e conta com a tecnologia de análise de voz do Google para melhorar seus call centers, disse ele.

Parte de seu foco será continuar fechando acordos com empresas que fomentam novas formas de pagamentos. A Discover conseguiu parcerias com companhias como Apple e PayPal.

"As instituições financeiras que ficarem para trás em termos de aumentar o valor dos negócios a partir das novas tecnologias vão acordar daqui a três anos basicamente fora da competição", disse Hochschild na entrevista.

Hochschild ajudou Nelms a conduzir a empresa quando ela se desmembrou do Morgan Stanley em 2007. Desde sua estreia, as ações da Discover deram retorno de 214 por cento, em comparação com o ganho de 15 por cento do S&P 500 Financials Index, de 67 empresas.

Ciclo de crédito

A Discover impulsionou os empréstimos de cartão de crédito para clientes novos e existentes nos últimos trimestres. Ao mesmo tempo, é um dos credores que têm reservado mais dinheiro para cobrir os empréstimos inadimplentes em um momento em que a dívida pendente de cartão de crédito bate recorde nos EUA.

Hochschild disse que a Discover já está criando as capacidades de crédito e cobrança de que precisará no caso de uma desaceleração.

"É muito difícil recuar demais prevendo uma mudança de ciclo", disse ele, observando que, se o banco tivesse feito isso há vários anos, teria "perdido muitas oportunidades excelentes". Mesmo assim, "em algum momento, estaremos em um ambiente de crédito pior".